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Conheça a musicoterapia e sua importância para o bem-estar

No fim da Segunda Guerra Mundial, alguns músicos passaram a tocar em hospitais para soldados veteranos e, assim, a medicina descobria a musicoterapia

A música cura. E esta não é mais uma constatação corriqueira. Desde que o método começou a ser usado para fins terapêuticos, na segunda metade do século XX, a música tem se tornado o melhor remédio para muitos pacientes. Alguns relatam que Pitágoras já estudava intervalos de sons que proporcionavam um relaxamento do corpo, mas a coisa se tornou evidente quando músicos passaram a tocar em hospitais para soldados veteranos. Nessa época, o efeito da música na melhora dos pacientes chamou a atenção dos médicos.

No site da Organização Mundial da Saúde (OMS) encontram-se vários artigos sobre bem-estar e musicoterapia, mas a instituição ainda não se declarou oficialmente sobre o assunto. O que se sabe é que a música tem sido usada para recuperar a saúde mental, em casos como síndromes, distúrbios e deficiências, a coordenação motora e o equilíbrio. E tem sido bastante eficaz.

O Saúde entrevistou David Martins de Almeida Maldonado, bacharel em musicoterapia, e Patrícia Maldonado, formada em musicoterapia e especialista em processo de ensino e aprendizagem. O casal trabalha junto e tem em comum, obviamente, o amor pela música.


Em que casos a Musicoterapia pode ser utilizada?

A musicoterapia se destina a todas as pessoas que buscam uma melhora na qualidade de vida através da música. Com ela, podemos trabalhar diferentes áreas: motora, sensorial, cognitiva e emocional. O método também pode ser utilizado em casos que envolvam tanto a parte física (no trabalho de estimulação, movimento de membros e postura) quanto a parte cognitiva/psíquica (desenvolvimento da linguagem, desenvolvimento intelectual, estresse, dificuldades emocionais, trauma e dor).


Quais os tipos de tratamento?

Os tratamentos são orientados de acordo com a necessidade de cada pessoa ou grupo. Em geral, ele se inicia em uma conversa até chegar em um histórico detalhado da pessoa (anamnese), descrevendo todo o relacionamento da pessoa com a música, desde a fase intra uterina, passando por um histórico médico, até chegar nas dificuldades/patologias atuais. A musicoterapia pode abranger diferentes locais, ou seja, na área clínica, hospitalar, educacional e em organizações.


Tenho que saber tocar algum instrumento para fazer a terapia?

Não é necessário saber tocar algum instrumento ou ter conhecimento musical. A necessidade mínima para que se esteja engajado é estar disponível para um processo terapêutico. Nas sessões de musicoterapia, o terapeuta irá conduzir a pessoa a encontrar a sua própria musicalidade, ou seja, ele ajudará a pessoa a ter um relacionamento sadio com a música, conduzindo-a para os objetivos clínicos previamente estabelecidos.


Sabemos que o tratamento musicoterápico pode ser utilizado de duas formas: ativa ou passivamente (no primeiro com o paciente tocando instrumentos, e no segundo trabalhando apenas com a audição). Quais as diferenças entre essas duas abordagens?

As experiências musicais irão depender da qualificação do terapeuta, ou seja, da sua abordagem de atendimento. Em ambas, os tipos de experiência musical, o conteúdo psíquico/emocional está presente. Porém, na forma ativa de musicoterapia, podemos trabalhar com o que chamamos de reabilitação, pois o paciente irá tocar, cantar e improvisar, através dos diversos instrumentos contidos no setting (ambiente terapêutico). A música passiva, ou abordagem receptiva, irá mobilizar mais as estruturas psíquicas, evocando respostas emocionais, afetivas e também motoras, como no caso da dança. O importante é que o terapeuta valorize a experiência musical que o paciente experimenta.


Qual a formação de um musicoterapeuta?

Hoje, basicamente o musicoterapeuta possui a formação de graduação em musicoterapia e especialização de musicoterapia. Em ambas as formações, o musicoterapeuta pode atuar em clínicas, hospitais e organizações. A graduação (mais completa) possui uma ampla formação, passando pela fisiologia, neurologia, psiquiatria, psicologia, antropologia, filosofia, estudo da música, em geral, e musicoterapia.


Qual a relação entre a música que ouvimos no dia a dia e nosso bem-estar?

O bem-estar depende de diversos fatores físicos e psicológicos. Ele varia de pessoa para pessoa e a forma com que cada um resolve seus conflitos. A música que ouvimos no dia a dia pode gerar um bem-estar em momentos que nos dispomos à isto, assim, ela será muito bem utilizada. Muitas pessoas ouvem música, se sentem bem, mas não resolvem conflitos. Eles continuam existindo, independente da descarga emocional que dispensamos ao ouvir a música. Na terapia, o bem-estar vai ser uma consequência da consciência que vamos tomar frente aos problemas, e de que forma a música pode contribuir, desde a concepção do problema até a resolução.


Algum estilo musical é preferido pelos terapeutas em relação a outro? Por quê?

Em geral, o musicoterapeuta deve ser um grande 'zero' ao lidar com seu paciente. Ele não deve interferir no gosto musical e muito menos sugerir temas ou estilos musicais na terapia. Porém, isso nem sempre acontece. Alguns musicoterapeutas colocam uma grande carga da sua influência musical na terapia, principalmente quando o tipo de musicoterapia é ativo. Isso não quer dizer que o paciente não irá se desenvolver. O musicoterapeuta se sentindo seguro naquilo que faz, conduz mais facilmente o paciente a um estado de mudança.


Como lidar com o estilo musical do paciente em relação à terapia?

Se o paciente não se sentir confortável com o estilo musical que está experimentando, o musicoterapeuta deve conduzir a um outro rumo, principalmente identificando para onde o paciente deseja seguir. É essencial que o musicoterapeuta seja eclético quanto aos ritmos e estilos musicais.

O que é neuromusicoterapia?

É a musicoterapia aplicada à reabilitação neurológica. É um termo relativamente novo de algo que é há muito tempo praticado. Os neuromusicoterapeutas buscam compreender melhor o paciente neurológico, por meio das contribuições que a musicoterapia pode oferecer dentro de um processo de reabilitação.


Já lidou com alguma história curiosa?

Na musicoterapia, e acredito que em todos os trabalhos que lidam com o ser humano, lidamos com histórias curiosas. Habitualmente, vemos pessoas que têm dificuldade na fala, falando melhor por meio da música, ou pessoas com debilidades motoras grandes, tocando instrumentos, cantando, sorrindo e sendo feliz. Um sorriso no rosto é a maior motivação do profissional da musicoterapia, pois ele vê que o seu paciente está feliz ao lidar com a música. Isto é muito expressivo e significativo. Cada caso é sempre gratificante.


Para mais informações, visite o site http://www.musicoterapiaclinica.com.br/.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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