Síndrome de Burnout: o que é, sintomas, tipos, tratamento e como evitar
O Brasil é o segundo país do mundo com mais pessoas afetadas por esse transtorno
Descoberta em 1974 pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger (1926-1999), a síndrome de Burnout vem ganhando muita atenção nas últimas décadas. O termo “Burnout” é uma palavra de origem inglesa utilizada para se referir a algo que deixou de funcionar por conta de exaustão, cansaço e estresse. Segundo a psicóloga Helaine Lima, “a síndrome de Burnout é uma espécie de adoecimento. A pessoa que é acometida por esse problema entra em um estado de esgotamento emocional e mental, devido a situações desgastantes relacionadas ao trabalho”.
Também chamada de síndrome do esgotamento profissional, essa condição pode afetar toda a vida do indivíduo. Ela ocorre em situações no trabalho em que a pessoa se sente muito desgastada e sufocada. Porém, também há casos em que pode ter ocorrido algum tipo de assédio moral no local. O Burnout acontece geralmente entre os profissionais de saúde, por causa da pressão e das situações emocionais frequentes.
Contudo, é preciso ficar alerta, pois isso não significa que não pode acontecer com outros tipos de profissionais. De acordo com a International Stress Management Association (ISMA-BR), em uma escala mundial, o Brasil é o segundo país no ranking de quantidade de pessoas afetadas por essa condição. Além disso, o Brasil também apresenta a maior taxa de pessoas que sofrem com ansiedade e é o quinto em casos de depressão.
Sintomas
Os sintomas da síndrome de Burnout vão aparecendo ao longo dos dias, gerando - principalmente - uma mudança de comportamento. “É aquela pessoa que antes tinha uma qualidade de vida saudável, que saía com os amigos, com a família, que tinha um lazer e, de repente, essas coisas que antes ofereciam prazer, passam a não ter mais sentido. É como se fosse até uma característica parecida, por exemplo, de quando a pessoa está em um estado depressivo”, explica a especialista. Além disso, uma pessoa com essa condição pode acabar desenvolvendo outras comorbidades psicológicas - como depressão e ansiedade.
Os sintomas, que podem ser físicos e mentais, mais comuns são:
- Sensação de esgotamento físico e mental;
- Desânimo;
- Tristeza;
- Ansiedade;
- Choro frequente;
- Muitas faltas no trabalho;
- Autossabotagem;
- Sentimento de fracasso e impotência;
- Baixa autoestima;
- Inquietação;
- Crise nervosa;
- Coração acelerado;
- Tremores;
- Isolamento;
- Estresse;
- Mal-humor;
- Irritabilidade constante;
- Dor de cabeça frequente;
- Insônia e distúrbios do sono;
- Impaciência;
- Dificuldade de concentração e atenção.
As características são de um esgotamento mental e emocional, porém, como elas podem ser bem parecidas com as do transtorno depressivo e de ansiedade, o diagnóstico da síndrome de Burnout pode ser difícil de ser realizado corretamente. “Para um profissional que é bem qualificado, não é tão difícil o diagnóstico. Para uma pessoa que saberia basicamente o que é o Burnout, eu me refiro a uma pessoa que está sendo acometida pelo problema, também acredito que a pessoa conseguiria identificar. Agora, para pessoas que são leigas e para um profissional que não tem muito contato, não é tão fácil”, afirma a psicóloga.
Tipos
Todo transtorno mental vem em um grau, dependendo de cada caso - de forma individual -, podendo ser leve, moderado ou avançado. Além disso, a síndrome de Burnout pode ser dividida em três tipos, cada um com suas próprias causas e formas de tratamento.
Esgotamento de sobrecarga
Esse tipo é o mais comum e que a maioria das pessoas conhece. Ocorre quando o indivíduo se sente sobrecarregado e esse sentimento o faz trabalhar cada vez mais, de forma intensa. Pessoas que estão dispostas a arriscar sua saúde e vida pessoal por conta de metas, projetos e planos de trabalho se encaixam nessa categoria.
Esgotamento subestimado
Já esse tipo de Burnout acontece quando as pessoas perdem a vontade e o prazer de trabalhar, se sentem entediadas e frustradas. O sentimento de indiferença aparece e a leva a evitar novas responsabilidades e a distanciar-se de seus sonhos e metas profissionais.
Desamparo
O desamparo acontece quando a síndrome está na fase final, ou seja, o indivíduo se encontra em um estado de completo desamparo. A falta de motivação é tão grande que a pessoa não consegue mais realizar as suas responsabilidades e, eventualmente, acaba desistindo de enfrentar esses obstáculos, ou seja, atinge a passividade.
Tratamento
O tratamento da síndrome de Burnout é feito através de medicamentos e psicoterapia. Mas, assim como outros transtornos psicológicos, o Burnout não tem cura. “Porém, na busca por um processo terapêutico, a pessoa pode estar obtendo uma melhora na qualidade de vida, aprendendo a lidar com esses fatores, que são os fatores estressores que levaram a desenvolver esse quadro de exaustão e de esgotamento emocional”, declara a psicóloga.
Contudo, mesmo com o tratamento adequado, é preciso sempre ficar atento para que a pessoa não desenvolva novamente o problema, principalmente se o indivíduo continuar trabalhando no mesmo local que o adoeceu e entrar novamente em contato com alguma situação de estresse.
Além do mais, a Dra. Helaine afirma a importância de outros fatores para uma boa qualidade de vida da pessoa com Burnout. “Também é importante buscar desenvolver novos hábitos dentro da rotina, praticar exercícios físicos, buscar ter formas de lazer e etc.”, conclui a psicóloga.
Como evitar
O Ministério da Saúde dá algumas dicas de prevenção da síndrome de Burnout. Confira abaixo:
- Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal e evite a cobrança excessiva sobre si mesmo;
- Mantenha uma rotina de sono saudável, tentando dormir - pelo menos - 8 horas por noite;
- Organize seu tempo para realizar atividades de lazer com amigos e familiares;
- Saia da rotina diária e faça atividades diferentes, como visitar um museu, comer em um restaurante, ir ao cinema, etc.;
- Acrescente atividades físicas no seu dia a dia;
- Converse com alguém de confiança sobre seus sentimentos;
- Evite o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas;
- Não se automedique, nem tome remédios sem prescrição médica. Consulte sempre seu médico.
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