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Problemas de sono podem ser verdadeiras ameaças à saúde ocular

O número de casos de distúrbios de sono dobraram durante a pandemia em escala mundial

A pandemia do coronavírus, combinada do isolamento social, tem tido efeitos imagináveis e inimagináveis em diversas áreas da vida dos indivíduos. O medo do vírus e da doença tem aumentado os níveis de angústia, ansiedade e estresse, misturados às obrigações diárias da população com seus trabalhos - seja presencialmente ou em home office - mais os estudos e os afazeres domésticos e pessoais. O impacto de todo esse combo provocou mais um efeito colateral: os distúrbios de sono têm se tornado cada vez mais presentes na vida das pessoas.

De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), até o início de 2020 - antes da pandemia - 15% da população mundial sofria com insônia, que pode se manifestar por diversas razões. Entretanto, um ano depois, esse número duplicou, subindo para 34% em escala mundial. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostrou que cerca de 42% dos brasileiros declararam alterações do sono frequentes e baixa produtividade durante esse período.

Existem diferentes tipos de distúrbios do sono, que podem surgir por motivos variados. Contudo, uma coisa que todos têm em comum: eles podem afetar a saúde, tanto física quanto psicológica, já que uma noite boa de sono é essencial para regularmos nosso corpo e nossa mente. Os sintomas físicos mais comuns são dores de cabeça e no corpo, mau humor, cansaço, irritabilidade, ganho de peso e perda ou dificuldade de memória, de concentração e de raciocínio. Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que a privação do sono pode ter mais uma consequência: pode afetar a saúde ocular.

A oftalmologista Micheline Borges Cresta, especialista em córnea do Hospital de Olhos Inob, empresa do Grupo Opty no Distrito Federal, dá mais detalhes sobre o assunto. “A falta ou a má qualidade do sono podem aumentar o risco de alterações vasculares na retina que, se não tratadas a tempo, podem causar perda definitiva da visão. Além disso, poucas horas de sono diárias também podem influenciar na regeneração da rodopsina, um composto químico, o que pode levar a problemas como a xeroftalmia, popularmente conhecida como olho seco, ou à cegueira noturna”.

A especialista explica também que a insônia, um dos distúrbios do sono mais comuns, pode ser prejudicial para a córnea - o tecido transparente que fica na parte da frente do olho - causando ardência, irritabilidade e até ressecamento da região. “Se isso for persistente pode resultar no ressecamento contínuo da córnea, levando ao surgimento de microerosões e a possível formação de ulcerações e inflamações”, complementa a Dra. Micheline.

A médica conta ainda que o sono regulado é essencial para o bom funcionamento do sistema imunológico, pois é durante esse período que a nossa imunidade se recompõe. “Sem o repouso necessário, nosso corpo tem maior dificuldade para combater infecções. Sendo assim, é mais fácil contrair conjuntivite, tanto viral, quanto bacteriana e alérgica, principalmente em período de secas prolongadas”, alerta, podendo inclusive ser um aliado ao combate à pandemia e ao vírus da Covid-19. 

“Para se ter uma noção de como é importante o sono, pesquisadores de quatro universidades americanas publicaram o estudo ‘Links Temporais entre o Sono e a Resposta dos Anticorpos à Vacina da Gripe’ em que perceberam que aquelas pessoas que dormiram curtos períodos de sono duas noites antes da vacinação produziram menos quantidades de anticorpos. Ou seja, a vacina foi menos efetiva”, expõe a oftalmologista.

Desse modo, a doutora afirma que alguns hábitos podem ajudar a ter uma noite de sono de qualidade, como uma rotina de exercícios físicos e alimentação balanceada, além de controlar a exposição dos olhos à aparelhos eletrônicos, pois podem ter efeitos colaterais como cansaço visual, vermelhidão, ardência, fotofobia, embaçamento ou ressecamento visual. “A luz emitida pelas telas dos dispositivos bloqueia a liberação da melatonina. O melhor é desligar todos os aparelhos pelo menos uma hora antes de ir se deitar. E não deixe de visitar o oftalmologista regularmente para que qualquer alteração na visão possa ser diagnosticada o quanto antes. Prevenir é sempre o melhor remédio”, conclui a Dra. Micheline Cresta.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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