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Obesidade infantil: os perigos da doença para a saúde das crianças

A obesidade infantil é um dos problemas de saúde pública mais alarmantes do país

Segundo pesquisas do Ministério da Saúde sobre obesidade infantil de 2021, estima-se que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil e aproximadamente 3,1 milhões já evoluíram para a obesidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa é considerada obesa quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) está acima de trinta. O IMC de cada pessoa é o resultado de um cálculo que considera peso, altura e idade.

Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde afirma que uma em cada 10 crianças brasileiras de até 5 anos está com o peso acima do ideal: são 7% com sobrepeso e 3% já com obesidade. Especialistas ainda acreditam que os dados possam ter piorado muito mais, visto que os indicadores considerados foram de 2019, antes da pandemia de Covid-19, que forçou mudanças drásticas na rotina de alimentação, atividade física e consultas médicas de toda a população.

Além disso, um levantamento da OMS de 2017 indicou uma elevação dos índices da doença em países de baixa e média renda, mostrando que, em apenas quatro décadas, o número de crianças e adolescentes obesos subiu de 11 milhões para 124 milhões no mundo. A pesquisa também afirma que a incidência do excesso de peso é um pouco maior entre os meninos: para cada grupo de cem existem oito meninos, enquanto que entre as meninas esse número fica em torno de seis.

A obesidade infantil é o resultado de uma série complexa de fatores genéticos e comportamentais, que atuam em vários contextos, como a família e a escola. Para chegar a esse cenário atual, pode-se destacar alguns motivos principais: o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, a falta de atividade física, a carência de acompanhamento médico especializado e a influência da família.

De acordo com especialistas - médicos, pediatras e nutrólogos - os alimentos ultraprocessados são os maiores culpados nessa história. Refrigerantes, sucos de caixinha, miojos e biscoitos são alguns dos industrializados mais consumidos pelas crianças nos dias atuais, porque, além de muitas vezes terem um custo mais baixo do que os alimentos in natura, eles são alvo de intensas propagandas na televisão e na internet, com um marketing específico para atrair os pequenos.

Em conjunto com a alimentação, a falta de exercícios físicos na rotina das crianças é outro componente importante para o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade. Segundo médicos, elas têm preferido cada vez mais brincadeiras com pouco ou nenhum movimento, como jogar vídeo game, assistir televisão ou apenas mexer no celular ou tablet, no lugar de brincadeiras que antigamente exigiam correr, dançar e pular.

A falta de acompanhamento médico especializado periódico das crianças também é um comportamento que pode contribuir para o aumento dos casos deste problema de saúde pública. Muitos pais só levam os filhos ao médico em casos de emergência, mas isso acontece por diversos motivos, já que nem todos conseguem o privilégio de ter um bom plano de saúde. Entretanto, o ideal é acompanhar a evolução da altura e do peso da criança com visitas regulares a um pediatra, pois, com a identificação precoce de sobrepeso, é possível reverter o quadro com a ajuda de um nutricionista ou endocrinologista.

Além dos motivos citados acima, os hábitos adotados pela família - principalmente pelos pais - também influenciam no peso da criança. Dessa forma, a cultura familiar se torna extremamente importante, já que os pequenos consomem os alimentos oferecidos pelos pais e seguem as regras da casa quando se trata de tempo de uso das tecnologias. Ademais, é durante a infância que muitos dos hábitos levados para toda a vida são formados, e grande parte a criança absorve por meio da observação.

No entanto, a genética também tem um papel significativo. De acordo com profissionais da saúde, a chance de filhos de pais obesos sofrerem da mesma doença pode chegar até 80%. Contudo, se os pais têm peso normal, a probabilidade cai para menos de 10%. O IMC da mãe durante a gestação pode afetar a situação do bebê e estar relacionado ao peso futuro da criança. Ou seja, é necessário fazer mudanças no estilo de vida antes mesmo de engravidar.

Para especialistas, a preocupação maior se concentra na tendência de aumento. No passado, a obesidade era uma doença concentrada principalmente entre adultos, mas nas últimas décadas ela foi atingindo os adolescentes, as crianças mais velhas e agora as mais novas, com menos de 5 anos. Pesquisadores ainda apontam uma perspectiva de piora nesse quadro no futuro, especialmente após a quarentena da pandemia de Covid-19.

As consequências do sobrepeso e da obesidade na saúde são inúmeras e muito complexas, indo de dores nas articulações e nos ossos até o surgimento de problemas graves. Crianças obesas correm riscos de desenvolverem diabetes, doenças cardíacas e até câncer. Além disso, crianças obesas têm maiores chances de se tornarem adultos obesos, o que prejudica ainda mais a sua qualidade de vida.

Por ser uma problema de saúde pública, o governo deve interferir diretamente no assunto, dando à população acesso a políticas públicas e a informação sobre o tema. Um novo padrão de rotulagem de alimentos e bebidas industrializados, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020, entrará em vigor em outubro deste ano. A partir de agora, as embalagens deverão conter um selo frontal com símbolo de lupa para informar os consumidores sobre altos teores de açúcar, gordura e sódio.

Para mais, especialistas também defendem uma regulamentação governamental mais restrita em relação ao marketing dos alimentos. Eles defendem a criação de leis que impeçam o uso de personagens e/ou celebridades infantis em embalagens, anúncios e propagandas de alimentos industrializados, assim como a distribuição de brindes em caso de compra.

O Ministério da Saúde elaborou o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras - disponível no site do governo - no qual nutricionistas e pediatras recomendam que os pais sigam as instruções dadas no manual. A cartilha reitera que a alimentação da criança deve ser composta por comida de verdade, ou seja, com predominância de alimentos in natura ou minimamente processados de diferentes grupos, além de afirmar que refeições com maior variedade de alimentos são as mais adequadas e saudáveis.

Outras cartilhas sobre o assunto também estão disponíveis na internet, como o e-book Lancheira Saudável, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), que dá ideias saudáveis de lanches para a criança levar para a escola, e o Guia Prático de Alimentação para crianças de 0 a 5 anos, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Em relação à prática de exercícios físicos, o Ministério da Saúde recomenda algumas boas práticas no Guia de Atividade Física para a População Brasileira, disponível no site do governo. O manual aconselha, pelo menos, 3 horas por dia de atividades físicas para crianças de 1 a 5 anos, variando a intensidade de acordo com a faixa etária. Segundo a cartilha, esses exercícios podem ser feitos principalmente em jogos e brincadeiras ou em atividades mais estruturadas, pela participação em escolinhas de esportes e aulas de educação física.

 

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* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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