Jogos Olímpicos e Saúde Mental: o que mudou de Tóquio (2021) para Paris (2024)?
Com a saúde mental em pauta, atletas garantem mais acompanhamento psicológico antes, durante e depois das Olímpiadas
Simone Biles, um dos maiores nomes atuais da ginástica artística que compete pela equipe dos Estados Unidos, abandonou a final por equipes nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021. A atleta surpreendeu a todos com essa decisão, pois era favorita à medalha de ouro. Entretanto, Biles justificou sua atitude por questões de saúde mental e bem-estar. “Senti que estava numa prisão, da minha mente e do meu corpo”, conta a ginasta estadunidense em seu documentário “O Retorno de Simone Biles”, lançado neste ano pela Netflix.
Diante desse caso, a saúde mental dos atletas se tornou um tema que entrou bastante em pauta. Além dos treinos pesados de alta performance, a pressão por resultados e a idealização dos atletas como super-heróis de suas nações têm afetado seus desempenhos. Isso pode gerar uma auto cobrança muito grande nos esportistas que, se não conseguirem suprir as expectativas criadas em cima deles, podem desenvolver problemas de saúde – principalmente mental.
No Brasil, um estudo recente realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e respondido anonimamente, indicou que três em cada dez atletas têm sintomas leves ou moderados de depressão. Outra pesquisa realizada recentemente pela Academia Nacional de Medicina da França afirmou que entre 60% e 65% dos esportistas têm problemas com o sono e que 68% já enfrentaram episódios de depressão.
Vale ressaltar que, além da pressão interna, os atletas também sofrem pressão por todos os lados. Família, amigos, clube, equipe, torcida… E, quando não há um acompanhamento psicológico especializado e autoconhecimento suficiente para entender e cuidar mais das próprias emoções, a situação pode se tornar preocupante. Os nossos esportistas precisam estar cada vez mais preparados para lidar com essas adversidades, pelo bem de sua saúde e de seu desempenho.
Segundo especialistas, os atletas devem ter em mente que a cobrança faz parte do esporte, porém o excesso dela pode influenciar negativamente em sua saúde e até em suas performances. É preciso aprender a lidar com os resultados negativos, mantendo a cabeça fria e erguida, identificando onde é necessário melhorar. Mas, principalmente, ignorar toda a expectativa externa – pois essa não é possível ter controle – e trabalhar mais na expectativa interna de cada um.
Preparação dos atletas
Os Jogos Olímpicos representam o ápice da carreira de um atleta no esporte. O mês da competição, que acontece de 4 em 4 anos, é apenas um pequeno recorte da trajetória de milhares de esportistas, que se prepararam a vida inteira para esse momento. Hoje, além do treinamento técnico e tático, a preparação psicológica também vem se tornando cada vez mais essencial.
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) certifica que realiza o acompanhamento de todos os atletas filiados antes, durante e após as competições. Atualmente, 17 psicólogos trabalham com cerca de 130 atletas semanalmente em diferentes ações, como atendimentos sistemáticos, avaliações pontuais e um programa de atenção permanente. Para os Jogos Olímpicos de 2024, o COB disponibilizou 10 psicólogos para a delegação brasileira, que é formada por 276 atletas. O COB afirma ainda que outros profissionais também estão disponíveis de forma remota.
Além disso, com a saúde mental ganhando mais visibilidade e discussão após a repercussão da última edição, o Comitê Olímpico do Brasil disponibilizou o suporte de um psiquiatra para os Jogos Olímpicos de Paris (2024). É a primeira vez que a delegação brasileira conta com o suporte de um médico dessa especialidade durante a competição.
Portanto, é importante reiterar tanto para os atletas e técnicos, quanto para as equipes e torcidas, que a saúde mental é tão valiosa quanto a saúde física. Lembre-se que o esporte pode salvar vidas! Qualquer coisa ao contrário disso, não é algo que valha a pena manter.
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