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Depressão: o que é, sintomas, tipos e tratamento

Conheça mais sobre essa doença psicológica complexa que muitas vezes pode ser silenciosa

“Me sinto um lixo”. “Fico adiando tudo que tenho que fazer”. “Procuro desculpas para não sair; não quero ver gente”. “Faz uma semana que não lavo o cabelo, só penso em me afundar nas cobertas”. “Estou explodindo com qualquer coisa, constantemente mal-humorado e irritado”. “Eu não era assim, agora acordo, levanto e parece que nada funciona”. “Sinto uma tristeza profunda, sem alegria de viver, não me animo mais com as coisas”. “Tento fazer as coisas de casa mas não consigo, tenho que me arrastar para o trabalho”. “Leio, não consigo assimilar, emburreci”. “Já acordo cansado, um peso nas pernas”. “Não consigo engolir a comida, o estômago está sempre embrulhando, emagreci sete quilos”. “Me culpo pelos erros do passado, estou arrependido pelo o que eu fiz”. Essas frases podem ser encontradas nas pessoas com o comportamento inusitado da depressão.

A depressão ou transtorno depressivo é um estado de humor alterado da pessoa, de forma crônica, que causa tristeza e/ou perda de interesse nas atividades que antes a interessavam. A doença interfere na área das relações pessoais e profissionais, pois pode diminuir a capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho e em casa. Segundo o Dr. Almir Marcelo, médico psiquiatra e ex-diretor da Unidade Integrada de Saúde Mental, da Marinha do Brasil, “a pessoa passa cada vez mais a se retrair no seu próprio mundo, sentindo uma tristeza crônica que não passa, com várias manifestações físicas e psíquicas também. Ela é, portanto, o que na psiquiatria se chama de transtorno mental”.

As estatísticas mostram que uma em cada dez pessoas precisará de cuidados com a saúde mental durante toda a vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de depressão aumentaram 18% nos últimos 10 anos, em escala mundial. A OMS prevê ainda que essa doença será considerada a mais incapacitante do planeta nos próximos anos. Contudo, as doenças mentais ainda são um tabu para grande parte da população e acompanham estigmas e preconceitos - que podem atrapalhar a busca por ajuda médica e tratamento.

“As doenças, de um modo geral, já são difíceis de admitir. Porém, quando são doenças físicas, ninguém vai ter muita dificuldade em reconhecer que tem um problema ortopédico, uma fratura, vai procurar logo atendimento. Mas, muitas das vezes, a pessoa sofre durante muito tempo, até anos, com ataques de pânico, crises de ansiedade, fobias e não procura atendimento com medo. ‘Loucura’, ‘louco’ e ‘doido’ são termos que causam muito sofrimento para as pessoas que têm um transtorno mental, e isso acaba causando o distanciamento em relação a quem necessita de atendimento”, afirma o especialista.

 

Sintomas

A doença é considerada silenciosa porque não tem uma fórmula definida para diagnóstico e tratamento. Cada indivíduo reage e a manifesta de um jeito. Portanto, os sintomas da depressão podem variar de pessoa para pessoa, principalmente de acordo com a idade. Além disso, seu diagnóstico também não é muito simples, pois pode ser confundida com outros transtornos, principalmente a ansiedade.

Os principais sintomas da depressão - e também os mais comuns - são:

  • Tristeza;
  • Emotividade;
  • Angústia;
  • Irritabilidade;
  • Ansiedade;
  • Desmotivação;
  • Anedonia (perda de prazer no que antes fazia com gosto);
  • Baixo rendimento intelectual;
  • Falta de fé - em si mesmo, na religião, na vida, nas pessoas e nos tratamentos;
  • Sentimentos de abandono, rejeição, inferioridade e inutilidade;
  • Baixa autoestima e autoimagem negativa;
  • Pessimismo;
  • Falta de sentido da vida e desvalorização da mesma;
  • Sentimento de culpa - principalmente nos erros do passado;
  • Desesperança e desamparo;
  • Perda de energia;
  • Perda de apetite;
  • Problemas de sono;
  • Alterações de comportamento;
  • Delírios e alucinações;
  • Ideias e pensamentos de suicídio - quando a doença chega em seu estado mais grave.

Contudo, como os sintomas podem variar muito - principalmente em relação à idade - e a depressão pode aparecer de forma silenciosa, é preciso ficar bem atento. “Em geral, os sintomas são de rebaixamento de humor e angústia. Mas na infância e adolescência podem predominar a alteração do comportamento e instabilidade; e, em pessoas com muito mais idade, as alterações do pensamento e da sensopercepção, com delírios e alucinações”, declara o psiquiatra.

 

Tipos

Há diversos tipos de depressão, cada um com suas particularidades, sintomas e tratamentos. Conheça os principais tipos desse transtorno:

 

Depressão maior

É o tipo mais comum e genérico. Se divide em três graus: leve, moderado e grave. Cada um possui a sua abordagem, contudo, o quadro da doença ser leve não significa que ela afeta pouco a pessoa no seu dia a dia. Todos os graus precisam de devida atenção, cuidado, acompanhamento médico e tratamento.

 

Sazonal

Esse tipo costuma ocorrer mais em outros países, que possuem temperaturas mais baixas - muitas vezes negativas. Ela se dá por conta da pouca luz natural nesses locais, principalmente durante o inverno. A falta de sol pode afetar tanto os indivíduos a ponto de desencadear um quadro depressivo.

 

Distímica

Conhecida atualmente na medicina como transtorno depressivo persistente, se caracteriza por sinais bem leves, quase imperceptíveis, que são mais duradouros (crônicos) em comparação com a depressão maior - podem durar por dois anos ou mais. Apesar de ser menos grave, o quadro pode se agravar rapidamente, podendo evoluir para uma depressão grave.

 

Maníaca (transtorno bipolar)

O transtorno bipolar envolve ciclos de humor que consistem em intercalar episódios de mania ou hipomania (euforia) com episódios depressivos. Esse tipo de depressão costuma ser crônico e pode ocorrer em famílias. 

 

Psicótica

Considerada um dos tipos mais sérios da doença, consiste em - além dos sintomas habituais - delírios de perseguição. Em casos extremos, a psicose pode fazer a pessoa confundir a realidade com as fantasias de sua mente.

 

Mista

Ocorre quando há a presença do transtorno depressivo e do transtorno de ansiedade, caracterizada pela associação de sintomas depressivos e ansiosos. Esse tipo vem ganhando mais destaque na última década.

 

Melancólica

É o tipo mais fácil de ser diagnosticado, contudo a falta de energia, angústia e tristeza podem ser tão extremas que a pessoa pode não querer sair de casa nem para ir às consultas. Normalmente, os sintomas podem se agravar no período da manhã e melhorar durante o dia.

 

Pós-parto

Ocorre devido a queda na produção de hormônios após a gestação, podendo gerar um sentimento de incapacidade de cuidar do recém-nascido ou falta de ânimo e alegria na maternidade, causando a culpa - que pode prolongar a doença pelos meses seguintes.

 

Tratamento

O tratamento da depressão consiste em uma gama de fatores, como medicamentos (os antidepressivos), exercícios físicos, dieta balanceada e psicoterapia - em suas diferentes formas. “Além dos medicamentos, torna-se importante também a psicoterapia. Ela vai auxiliar a pessoa a se reencontrar, se entender e até mesmo a se aceitar, uma vez que a pessoa com depressão tende a se julgar muito e geralmente o julgamento é bastante negativo, até tendendo em alguns casos à ideação suicida”, explica o psiquiatra.

Contudo, cada tipo de depressão necessita de um determinado tratamento. Por isso é imprescindível o acompanhamento médico para que o profissional prescreva o tratamento mais adequado.

Além disso, a rede de apoio é muito importante. Por conta da doença, a pessoa vai debilitando cada vez mais as suas relações e o seu contato com o mundo exterior, se fechando em si mesma. O apoio das pessoas ao seu redor, a empatia e - principalmente - a compreensão podem fazer toda a diferença para um resultado positivo ao tratamento do transtorno. 

Para o Dr. Almir Marcelo, a depressão - com relação à cura - está numa situação muito parecida com a da pressão alta (hipertensão arterial) e a diabetes. “Nós não temos hoje na medicina uma cura, mas os tratamentos existentes proporcionam qualidade de vida e permitem que a pessoa possa tocar a sua vida normalmente, ser produtivo no seu ambiente de trabalho, na sua vida de relação com seus familiares e sentir-se feliz com a vida que tem”.

“O primeiro passo: aceitação. Segundo: compreensão. Terceiro: buscar entendimento e conhecimento do problema que está passando. Esses são os passos iniciais para que a pessoa que saiba lidar com o problema que ela está vivenciando”, recomenda o profissional.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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