Comportamento dos pets na pandemia: o que mudou?
O isolamento social teve um grande impacto nas pessoas, incluindo em seus animais de estimação
A pandemia do coronavírus e o isolamento social geraram mudanças em diversas as áreas de nossa vida, principalmente no âmbito comportamental. Mas e os animais de estimação? Por conta da quarentena, home office e ensino remoto, os pets começaram a ficar mais juntos de seus tutores e mais presos dentro de casa. Como esse período tem afetado eles? E quais as consequências futuras?
O Hospital Veterinário Sena Madureira de São Paulo realizou um levantamento sobre o tema. O estudo afirmou que 30% dos animais engordaram, por ficarem menos ativos na quarentena, e 20% de seus tutores relataram algum tipo de ansiedade dos pets durante esse período. Contudo, também olhando o lado positivo, 48% dos tutores paulistanos julgam que seus animais estão mais felizes por receberem mais atenção e passarem mais tempo com seus donos. A pesquisa notou, ainda, que a procura por creches de pets aumentou em 60%, o que indica uma preocupação com o período pós-quarentena.
Para responder a essas e outras perguntas, conversamos com a Dra. Thatiana Teixeira, médica veterinária e pós graduada em clínica médica de pequenos animais. Confira a entrevista abaixo:
Com a pandemia da Covid-19 e a necessidade do isolamento social, houveram inúmeras mudanças de comportamento na vida das pessoas, principalmente por conta do ensino remoto, home office... Mas e os pets? Como isso mexeu com o comportamento deles?
Thatiana Teixeira: A procura para adoção e compra de um pet aumentou exacerbadamente, tanto para suprir a demanda emocional das crianças, como também para a companhia dos adultos, desde os solteiros, recém casados até idosos. Quanto à questão comportamental dos pets, também é válido ressaltar que o isolamento trouxe consequências drásticas para nossos amiguinhos, dentre elas, podemos ressaltar a questão alimentar. Os tutores passaram a consumir mais alimentos (por ansiedade, por exemplo) e, o mais agravante, é que passaram a "dividir" essas guloseimas com seus pets, desencadeando aumento de peso, dermatites de origem alimentar, lambedura nas patas por consequência da ansiedade, aumento dos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos, por exemplo.
Um dos efeitos colaterais do isolamento é a diminuição dos passeios dos pets, além da interação com outros animais e outras pessoas também. Existem efeitos negativos para a saúde física dos animais? E para a saúde mental?
Thatiana Teixeira: Sim. Como mencionado anteriormente, o isolamento contribuiu para uma vida mais sedentária tanto dos tutores, quanto dos pets. Dito isto, temos por consequência um aumento de peso corpóreo variável, crises de ansiedade, reações de estresse ou agressividade frente a pessoas ou outros animais que não são da convivência diária, dermatites alérgicas decorrentes de contato com produtos de limpeza, já que as pessoas adotaram rotina de higiene mais frequentes e com produtos mais corrosivos, além de dermatites alimentares pelo fato de dividirem pedaços de alimentos, por exemplo.
Qual é a importância dos animais para o equilíbrio da saúde mental dos seus tutores nos tempos de pandemia?
Thatiana Teixeira: Os animais possuem uma forma de amar genuína, cujo potencial os levam a nos amar mais que a eles mesmos. Em tempos onde estamos mais reclusos, com quase nenhum contato com familiares e amigos, os pets ganham um espaço que jamais poderá ser substituído. O melhor carinho, o melhor passatempo, o olhar mais profundo, o cheirinho mais gostoso, o balançar de rabo que supre qualquer canção e o lambeijo mais sincero. Quem tem um pet, sabe que amigo mais fiel e companheiro não há.
Quais as consequências para os pets no período pós-pandemia, principalmente para os filhotes que cresceram durante o isolamento social? E para os tutores?
Thatiana Teixeira: Essa é uma questão de extrema relevância, pois eles, repentinamente, serão separados por um longo período do dia dos seus tutores, e isso pode desencadear uma série de fatores negativos, como, por exemplo, a síndrome do abandono. Uma forma de aliviar e evitar esse sintoma, é uma adaptação lenta e gradual das creches, que hoje temos disponíveis para vários tipos de clientes. Para os tutores que por algum motivo não podem recorrer a essa opção, recomendo deixar à disposição do pet uma peça de roupa com o cheirinho do dono, uma TV ligada, ou mesmo um som ambiente com uma playlist para pets, que estão disponíveis em várias plataformas digitais. E, o mais importante, ao final do expediente, retornar para casa com um abraço gostoso, pronto para dar e receber o carinho mais puro e amoroso que aquece qualquer coração.
Agora falando um pouco sobre os animais abandonados e que moram nas ruas. A pandemia teve impacto sobre eles, visto que as pessoas estão ficando mais em casa, para conseguirem água, comida…? Os abrigos e ONGs têm sofrido mais nesse período?
Thatiana Teixeira: Pelo contrário, as pessoas têm se sensibilizado muito mais, e muita gente tem fornecido ajuda de custo e até mesmo se voluntariado a dedicar tempo dentro desses abrigos, principalmente aquelas que perderam seus pets em meio a pandemia. É claro que no início o cenário foi bem diferente, mas, com o passar dos dias, a generosidade foi se multiplicando, e hoje posso falar, categoricamente, que é quase impossível findar um dia aqui na loja, sem que seja vendido pelo menos 1 sacaria de ração para animais em situação de rua ou abrigo.
Que dicas você daria para os tutores para amenizar os efeitos da pandemia nos animais?
Thatiana Teixeira: Procurem adotar rotinas próximas às que serão adotadas em tempos do "novo normal". Tenho clientes que já fazem rodízios de passeios no parquinho (cada dia é um papai ou mamãe que leva a turminha) ou, então, cada dia um AUmiguinho fica na casa do outro. Outros já estão frequentando creche desde já, para não sofrerem tanto depois.
Dra. Thatiana Teixeira, Médica Veterinária
Contato: (27) 99582-4654
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