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Cifose, escoliose e lordose: conheça os desvios mais comuns da coluna vertebral

O Dr. Paulo Renato, médico ortopedista, explica a diferença entre cada um e conta mais sobre os principais desvios posturais

A coluna vertebral é considerada o eixo central do esqueleto humano, servindo de apoio para outras partes do esqueleto. Ela possui diversas funções, como sustentar e movimentar os nossos membros, proteger a medula espinhal, manter a postura ereta e garantir suporte ao peso do corpo. É composta pelas vértebras, um conjunto de ossos, que são unidas entre si por ligamentos e músculos.

Entretanto, por diferentes causas, esse eixo pode apresentar alguns desvios anormais ou acentuamento de curvas normais já existentes. Os principais são a cifose, a escoliose e a lordose, também chamados de desvios posturais. “Na escoliose, as curvaturas têm desvios laterais; na cifose, a parte convexa do desvio é para trás; e na lordose, a parte convexa do desvio é para frente”, diferencia o Dr. Paulo Renato.

Na cifose, os ombros, o pescoço e a cabeça são projetados para frente, provocando a popularmente conhecida “corcunda”. Na lordose, há um aumento da curvatura da lombar na direção da frente do abdômen. Já na escoliose, diferentemente das outras duas que só podem ser observadas com a pessoa de perfil, é uma curvatura anormal para um dos lados do tronco, determinada pela rotação das vértebras, que pode ser vista ao olhar a pessoa de costas.

 

Causas

As causas dos desvios posturais são de diversas naturezas. Podem ser desde doenças neurológicas, que podem provocar assimetrias musculares com consequentes desvios, até sequelas de fraturas por trauma ou osteoporose. Segundo o especialista, antigamente, uma das causas mais comuns de cifose grave eram os casos de tuberculose óssea, que destruíam a vértebra, fazendo com que a pessoa ficasse corcunda e não conseguisse fazer a reconstrução.

Contudo, também existem desvios que não possuem nenhuma causa estabelecida, principalmente nas escolioses, o tipo de deformidade mais comum entre as três abordadas. Esses desvios são conhecidos como deformidades idiopáticas. “Grande parte das escolioses são idiopáticas, não tem uma causa definida. Sabe-se que elas acontecem na passagem da infância para adolescência, quando tem aquele período de crescimento rápido. Nesse período, há um distúrbio de crescimento, o organismo não acompanha a ordem do crescimento e cresce torto, mas não se sabe o porquê”, explica o ortopedista.

 

Sintomas

A principal sintomatologia destas deformidades é o desconforto; quase sempre a pessoa não se sente confortável e acha que tem alguma coisa estranha. Esses desvios da coluna vertebral são classificados de acordo com o grau de angulação, podendo ser deformidades leves, moderadas ou graves. 

Os desvios leves, seja cifose, escoliose ou lordose, causam sintomas mais leves e vagos. Podem aparecer como uma dor na coluna de vez em quando ou como algum problema estético, como o tronco meio torto. Mas, apesar desses desconfortos, não geram nada que atrapalhe muito a vida da pessoa.

Conforme o aumento do grau de angulação do desvio, outros transtornos mais sérios podem aparecer. Nos casos mais graves, a deformidade pode causar paralisias, problemas na função respiratória e alterações na função gastrointestinal, por conta do espaço que fica faltando. “Por exemplo, as escolioses muito severas deformam tanto que um lado do tórax fica com um espaço enorme e outro fica quase que sem espaço. Então, o pulmão daquele lado onde quase fica sem espaço praticamente trabalha mais”, afirma o médico. 

Além disso, os casos de lordose grave podem causar disfunção no aparelho urinário, com compressão da bexiga, do intestino baixo, do cólon e do reto. E, ainda, as escolioses baixas da coluna lombar podem provocar alterações neurológicas, como dores ciáticas crônicas. As disfunções são múltiplas, em qualquer setor do corpo, dependendo sempre do grau de angulação do desvio.

 

Diagnóstico

Geralmente, o diagnóstico dos desvios posturais é realizado através de um exame clínico, no qual o paciente relata o curso da história do problema até o momento de sentir que precisava procurar ajuda médica. Na sequência, é feito um exame físico, para detectar a deformidade e, a partir daí, são efetuados exames complementares que confirmem o diagnóstico, como radiografias comuns, que medem a angulação e o local do desvio.

 

Tratamento

O tratamento é estabelecido mediante o diagnóstico de cada caso. Normalmente, o tratamento é mais conservador, com o objetivo de aliviar os sintomas e o desconforto que a pessoa sente, além de alinhar a coluna o melhor possível, por meio de fisioterapia e órteses corretivas. Em alguns casos, há a possibilidade de cura, através de cirurgias complexas que corrigem os desvios posturais. Contudo, apenas casos muito graves podem realizar a operação.

“A fisioterapia é mais para dar um conforto ao paciente na movimentação, não deixar que ele fique muito rígido, e as órteses para mantê-lo na posição mais normal possível. Uma órtese seria um aparelho tipo um colete, em que tentaria levar aquela pessoa para a posição mais normal. E, quando chega a um caso extremo, em que a deformidade está muito grande ao ponto de estar prejudicando órgãos vitais, aí pode-se fazer o tratamento cirúrgico. Mas, nem sempre os resultados são bons”, esclarece o Dr. Paulo Renato.

 

Hábitos e desvios posturais

Essa é uma questão bastante discutida quando o assunto são as deformidades da coluna vertebral. Existem hábitos que podem ajudar na prevenção desses desvios? E que podem ser prejudiciais e influenciar seu aparecimento? O médico ortopedista responde:

“Se você ficar deitado de lado no sofá ou se ficar em um colchão mole, isso pouco interfere nas deformidades. Esses vícios de postura provocam dor, mas não deformidade. As deformidades em si são estruturais, na estrutura da coluna, não tem nada que você possa fazer, seja exercício físico ou melhorar a postura, não vai adiantar muita coisa. A deformidade vai se estabelecer”, conclui o especialista.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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