A falta de interesse dos jovens em leituras especializadas
O economista e jornalista George Vidor comenta sobre o tema e explica o papel da internet nessa situação
A perda de interesse dos brasileiros pela leitura não é um assunto recente. De acordo com dados da 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2019 pelo Instituto Pró-Livro (IPL), Itaú Cultural e IBOPE inteligência, 52% dos brasileiros têm o hábito de leitura, ou seja, pouco mais da metade da população total. Contudo, o resultado é menor do que o registrado quatro anos antes, em 2015, decaindo em 4% o número de leitores durante os respectivos anos.
Quando o caso é a falta de interesse dos jovens na leitura de revistas e jornais especializados em determinados temas - como economia e política, se torna ainda mais complicado. Segundo o economista e jornalista George Vidor, a internet é um dos principais fatores de impacto. “Com a internet, a gente tem informação online do mundo inteiro. Então, se por um lado essa democratização multiplicou os chamados meios - os veículos - que trazem notícias, gerou também uma quantidade astronômica de informação para qualquer cidadão. Isso faz com que você acabe perdendo o interesse pela leitura daqueles veículos mais convencionais, que no passado foram tão importantes, tipo revistas, jornais, etc.”.
Há diversas razões que podem ser dadas para que isso aconteça, já que 82% dos leitores do levantamento afirmaram que gostariam de poder ler mais. A falta de tempo foi o principal motivo indicado pela população. Além disso, o incentivo à leitura - principalmente entre os jovens - ainda é bem pouco no Brasil, o que explica as altas taxas de analfabetismo, e muitas pessoas acabam optando por usarem aparelhos eletrônicos (e as redes sociais) em seu tempo livre. Porém, o estudo também afirma que a internet pode ser uma aliada para esse incentivo, se utilizada como um estímulo positivo, junto do auxílio da escola e dos pais.
George acredita que, apesar da situação, a mídia convencional ainda vai ter seu espaço por muito tempo, por conta de sua credibilidade, mas que a tendência é ela ir desaparecendo aos poucos, caso não busque novos caminhos. “A queda da receita de faturamento é enorme, e é o que financia esse negócio. Então, a forma de buscar novos caminhos ainda está sendo desenvolvida, conquistada, aprendida, a base do acerto ou erro. A gente já vê, por exemplo, jornais como o The New York Times, nos Estados Unidos, tendo uma recuperação de receita e um aumento das edições digitais enorme. Eles conseguiram um caminho lá. Mas isso, às vezes, você não consegue replicar em outros veículos, em outros países, em outros lugares”.
A pesquisa nacional ainda informa que cresce o número de leitores entre 5 a 10 anos e que esse percentual cai em crianças a partir de 11 anos e entre os leitores de nível superior. O economista destaca a importância da literatura para os jovens. “Eu acho que ler é um dos grandes prazeres da vida. Isso porque te dá asas à imaginação. Você pode viajar, sonhar, desejar, curtir… É uma coisa quase infinita na leitura. E claro que uma coisa bem escrita, bem relatada é muito mais prazeroso, ainda mais quando você vai tendo mais domínio da língua. Quando a minha geração lia aqueles chamados livros infantis, despertavam interesse pela literatura de uma maneira geral”, explica George Vidor.
O economista também dá dicas de veículos para quem se interessar em assuntos e notícias mais especializadas. “Para cada área, a gente tem um. A área de energia tem quatro ou cinco sites e veículos digitais, que informam muito bem. Alguns você tem que assinar, claro, eles vivem de assinatura ou de publicidade, mas há também os veículos gratuitos. Eu acho que consultar também os sites dos grandes jornais é muito bom: os sites do Globo, do Valor, do Estado de São Paulo, da Folha… É muito interessante mesmo pra quem gosta de economia. Você tem ali uma informação rápida e, a partir dali, pode buscar essa informação de outras formas. Eu, por exemplo, também vejo muita coisa no LinkedIn. Eu consulto muito, mas acabo vendo muita coisa nas redes sociais, mesmo ao acaso”, informa.
“A leitura amplia a sua forma de comunicar, amplia o seu vocabulário, enriquece a forma de você se expressar. Enfim, eu acho que o mundo sem livros, um mundo sem jornais, um mundo sem revistas, será um mundo tão pobre que eu não imagino que ele possa até existir”, conclui George Vidor, em entrevista exclusiva para o portal.
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