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A importância de saber qual é o tênis adequado na hora de se praticar um esporte

Usar um calçado adequado durante uma atividade física pode ajudar a melhorar a performance e, até mesmo, garantir que problemas como torção, lesão muscular, entorse e fraturas ósseas mais sérias não atrapalhem o rendimento

Diariamente, os meios de comunicação nos bombardeiam com diferentes tipos de propaganda de calçados esportivos. Cada marca tenta provar que o seu calçado é o melhor, que melhora a performance do atleta, que absorve melhor o impacto. Porém, observa-se, entretanto, uma falta de informação cujo objetivo é informar o atleta da estrutura dos calçados. “Talvez tal fato advenha do segredo industrial contido nos materiais e na forma como são combinados para gerar um calçado cada vez mais adaptado para a atividade. Divulgar suas idéias pode custar à empresa a perda dos “segredos industriais”. Cabe então aos profissionais de saúde, “dissecar” os tênis para descobrir como funcionam”, alerta Dr. André Pedrinelli, ortopedista, especialista em medicina esportiva e Chefe do Grupo de Amputados da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O calçado esportivo, em particular os tênis, apresentam uma estrutura que, com algumas modificações, repete-se nos diferentes modelos.

A estrutura principal do calçado consiste num invólucro anterior que protege o antepé, a caixa, nas estruturas de contenção lateral e na estrutura que protege o retropé, o contraforte. Originalmente, tais estruturas eram compostas de peças de couro costuradas. O couro foi usado por séculos devido a sua resistência e flexibilidade. Atualmente, os materiais sintéticos, como fibras de polímeros e plásticos, predominam. Tais materiais garantem a leveza, a elasticidade e permitem a evaporação da sudorese.

O formato da caixa do calçado pode melhorar os sintomas de dor na parte anterior do pé. Os atletas com hálux valgo, o popular joanete, ou contraturas com o hálux rígido, podem ter alívio dos sintomas ao solicitar um calçado com uma caixa mais larga.

Quanto ao contraforte, quanto maior sua altura, maior a estabilidade do retropé (a parte posterior do pé, que inclui o calcanhar). Pessoas com o pé chato, muitas vezes têm uma tendência do retropé desabar para a parte interna no momento do impacto. Um contraforte um pouco mais alto pode melhorar o posicionamento. Tal medida também vale para aquelas pessoas, em geral, mulheres, que apresentam alterações no tendão do músculo tibial posterior. Nos casos leves de disfunção do músculo tibial posterior, o contraforte mais alto pode melhorar a dor.

Quanto às estruturas que absorvem o impacto, há pelo menos duas porções funcionais. A mais externa é o próprio solado. Tal estrutura, por estar em contato direto com o solo deve permitir uma boa aderência à superfície onde se pratica o esporte. Solados com ranhuras evidentes costumam adaptar-se bem às superfícies externas, como a terra e a grama, e podem, entretanto, ser extremamente instáveis nas superfícies lisas.

Entre o solado e a parte interna do calçado, está a entressola. É nesta parte do calçado que os fabricantes investem a maior parte das pesquisas, procurando a melhor maneira de absorver o impacto sem que haja a perda da energia. Por mais moderno que seja o material, a cada impacto, sempre vai haver uma perda mínima de energia, mesmo que imperceptível, e, enquanto as leis da física ainda valerem, a energia devolvida para o atleta nunca será maior que a recebida pelo impacto. Portanto, muito cuidado com a conotação do termo “melhora da performance”, que aparece em alguns anúncios. A entressola é uma parte muito importante do calçado, pois absorve parte do impacto do pé com a superfície. Em geral, quanto mais macia e alta a entressola, maior a absorção do impacto. Por outro lado, o aumento da altura e da maciez gera piora na propriocepção (percepção da articulação no espaço) e, dependendo da inclinação do pé, um aumento nas forças que levam à torção o tornozelo, aumentando a chance de lesões. O principal cuidado com a escolha da entressola surge para os atletas com pé cavo, que sofrem sobrecarga na parte anterior e posterior do pé a cada passo. Para tais atletas, recomenda-se entressolas mais macias que para as pessoas com pé normal.

A palmilha é a parte do calçado que fica em contato mais íntimo com o pé. Tal estrutura deve ser macia e, de certa forma, aderir ao pé, evitando lesões de abrasão e funcionar como uma interface eficiente entre o pé e o restante do calçado. Eventualmente, algumas alterações anatômicas do pé podem ser compensadas pela palmilha. A mais comum é o apoio para o arco plantar naqueles atletas com pé plano e dor. A palmilha não corrige o pé plano (como acreditavam nossos pais), mas permite uma melhor distribuição das cargas no pé, aliviando a dor. Pessoas com desvios dos eixos dos pés podem ter suas alterações corrigidas através de palmilhas especiais, mas estas devem ser prescritas pelo ortopedista.

Finalmente, vale uma regra prática: o melhor calçado é aquele com que o atleta sente-se mais confortável, e o conforto deve vir desde o momento da compra. O hábito de comprar um calçado desconfortável e “amaciá-lo” pode levar a lesões durante o processo. “Caso nenhuma dessas dicas tenha sido eficaz ou ainda haja dúvida quanto ao melhor calçado a ser comprado é aconselhável consultar um ortopedista ou médico do esporte”, conclui o médico.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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