Prevenção é a melhor solução para saúde dos cães e gatos contra a dirofilariose
Apesar de ser uma doença fatal para os nossos pets, a dirofilariose pode ser prevenida com aplicações de remédios durante a vida do animal e, até mesmo, combatendo o mosquito da dengue
A equipe do saude.com.br entrevistou o Dr. Renato Campello Costa, mestre em clínica médica de pequenos animais e especializado em ultrassonografia e cirurgia. Ele explicou o que é a Dirofilariose, conhecida popularmente como filária. Falou sobre os sintomas, formas de prevenção e por que os cachorros são mais suscetíveis à doença do que os gatos.
O que causa a dirofilariose?
Dr. Renato Campello Costa: O que causa a dirofilariose é um verme redondo, um nematóide, chamado Dirofilaria immitis e que, quando adulto, se aloja, principalmente, no coração e artéria pulmonar. Vem desta localização o popular nome “verme do coração”. Sua transmissão se dá, necessariamente, pela picada de mosquitos infectados com o parasita. No Brasil, três espécies de mosquitos são consideradas vetores eficientes (transmissores) da doença: Aedes scapularis, Aedes taeniorhynchus e Culex quinquefasciatus.
Quais são os sintomas da doença?
Dr. Renato Campello Costa: Por se localizar, sobretudo, no sistema cardiorrespiratório, os principais sintomas causados por esta parasitose são relacionados a problemas cardíacos e respiratórios tais como: tosse, cansaço, dispnéia (dificuldade respiratória) e, que podem levar o animal à morte. Várias outras alterações, que podem estar presentes em diversos processos, podem ser observadas nos portadores de Dirofilaria immitis como febre, emagrecimento e vômitos.
A dirofilariose é uma doença fatal?
Dr. Renato Campello Costa: A doença é fatal, sim. Pode matar de forma súbita - especialmente em gatos - ou de forma crônica em consequência dos transtornos cardio respiratórios causados.
Existe algum tratamento adequado para cães?
Dr. Renato Campello Costa: O tratamento de cães infectados consiste na aplicação de uma droga injetável, mas que só pode ser feita em estágios iniciais ou moderados de infecção (número de vermes no coração), pois o animal pode morrer em decorrência do tratamento. O ideal é, sem dúvida, prevenir. Para se ter uma ideia, o processo é tão arriscado e complicado, além de caro, que o produto deixou de ser comercializado no Brasil. Isso aconteceu também pelo fato da venda ter sido muito pequena.
O que pode ser feito para evitar a doença?
Dr. Renato Campello Costa: Evitar a doença é muito fácil. No Brasil, desde 1992 foram disponibilizados no mercado veterinário nacional os primeiros medicamentos preventivos da dirofilariose. São medicamentos que devem ser administrados mensalmente a partir do segundo mês de vida dos animais. O tratamento não deve ser interrompido em nenhuma fase da vida, incluindo a gestação, a menos que haja recomendação veterinária. Estes preventivos podem ser facilmente administrados pelos proprietários, sobre a forma de comprimidos mastigáveis ou de líquido para aplicação sobre a pele, na região da nuca. Atualmente estes preventivos, dependendo da marca, podem ser também “vermífugos intestinais”, controladores de pulgas e carrapatos e, até, “sarnicidas” por matar alguns tipos de ácaros causadores de sarnas como a escabiose e a “sarna de ouvido”.
Quais são as áreas de risco?
Dr. Renato Campello Costa: Esta doença, que já foi descrita em todos os continentes, é cosmopolita. Devido à transmissão do verme por mosquitos, ela é mais frequente em áreas em que as populações de mosquitos transmissores são maiores, como as regiões de clima tropical e subtropical. Por muito tempo esta doença ficou estigmatizada como presente apenas em regiões costeiras, o que é uma verdade parcial. De fato, estas regiões apresentaram índices mais altos de prevalência da verminose em função de, nelas, a presença dos mosquitos ser mais marcante. Porém, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro ou na região centro-oeste do país, notadamente distantes das praias, o parasita já foi detectado causando a dirofilariose.
A dirofilariose pode ser transmitida ao ser humano?
Dr. Renato Campello Costa: A doença, considerada uma zoonose desde 1979, foi identificada em seres humanos em diversos países, entre eles o Brasil. Sua localização mais comum nos humanos é nos pulmões, mas já foi detectada no sistema cardiovascular, globo ocular, tecido subcutâneo, cavidade abdominal e bexiga.
Em relação ao gato, existe risco de infecção?
Dr. Renato Campello Costa: Os gatos podem ser parasitados também, embora sua infecção seja, por motivos ainda desconhecidos, mais rara. Apesar do menor número de felinos infectados, a doença em gatos é muito mais grave, já que com um número muito menor de parasitas no coração, o gato pode morrer subitamente. O gato é, portanto, menos suscetível à infecção e mais sensível à doença, se comparado ao cão.
Que atitudes são tomadas pelo Governo do Estado para que a doença não se propague?
Dr. Renato Campello Costa: Não há nenhuma medida governamental em andamento para a prevenção específica da dirofilariose. Porém, o combate ao mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti) contribui também para o controle das populações dos mosquitos transmissores da doença. Uma vez que a doença é necessariamente transmitida por mosquitos, de forma indireta o Governo dá contribuição importante para a prevenção da dirofilariose.
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