Lucinha Araújo: "Não me considero um ícone. Sou apenas uma mulher impulsionada por um trauma." (Entrevista 2001)
Em entrevista concedida para o portal em 2001, Lucinha Araújo fala sobre saúde, lazer e voluntariado
Maria Lúcia Araújo nasceu na cidade de Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, no dia 2 de agosto de 1936. É casada com o empresário João Araújo há 44 anos e mãe de Cazuza, nascido em 1958 e falecido em 1990. Desde a fundação da Sociedade Viva Cazuza, Lucinha Araújo é a presidente da instituição.
Que atividade pratica para manter a forma física?
Lucinha Araújo: Sou avessa às atividades físicas, mas sabendo que são indispensáveis à saúde, faço hidroginástica 3 vezes por semana há oito anos. É como tomar um remédio.
Você é uma mulher adepta da medicina preventiva? Que cuidados básicos mantém?
Lucinha Araújo: Sim. Frequento com regularidade minha médica clínica Dra. Loreta Burlamaqui e ela me indica os caminhos a seguir. Neste aspecto sou super organizada. Mas os cuidados não vão além do básico. O supérfluo me tornaria escrava e não tenho temperamento para isso.
Qual seu lazer preferido?
Lucinha Araújo: Andar a cavalo em Petrópolis e nadar em Angra.
Na sua opinião, é importante informar a população sobre a prevenção de doenças?
Lucinha Araújo: É fundamental. Somente a prevenção levará a um controle da Aids. É a única forma de diminuir o número de novos casos.
Que doenças você acha devem ser especialmente consideradas no trabalho preventivo no Brasil?
Lucinha Araújo: É importante que a política de saúde seja voltada para a prevenção. É muito mais fácil e barato prevenir do que tratar. Isso engloba todas as doenças.
Como nasceu o projeto da instituição "Sociedade Viva Cazuza"?
Lucinha Araújo: A Sociedade Viva Cazuza nasceu quase que por acaso. Foi feito um show, na praça da Apoteose, no Rio, em 1990 em homenagem a Cazuza. A renda da bilheteria desse show deveria ser revertida para uma instituição que tratasse de Aids. Quando fui fazer a doação, num hospital aqui no Rio, me disseram que queriam mais que dinheiro, queriam também o meu trabalho. Assim nasceu a Sociedade Viva Cazuza.
Como a instituição vê a questão da Aids, hoje, no Brasil?
Lucinha Araújo: Muitos avanços foram feitos. Há 10 anos atrás, além de praticamente não existirem os remédios para Aids, o preconceito e o desconhecimento eram tamanhos que, para conseguirmos uma internação hospitalar de um paciente HIV, tínhamos que brigar, ameaçar chamar a polícia e a imprensa. Hoje o Brasil tem uma das melhores políticas de saúde no que diz respeito a Aids. Muito já foi feito e é importante reconhecermos isso, mas ainda há muito a ser feito.
Por ser o ano internacional do voluntariado, a instituição ou você pretende realizar alguma campanha ou algum trabalho especial?
Lucinha Araújo: Não realizaremos nenhum trabalho especial, mas acho que o importante é que o voluntário se forme com consciência e tenha responsabilidade em seu trabalho. O voluntariado é um compromisso que não pode ser quebrado ou colocado em segundo plano.
Como foi a experiência de se transformar em um ícone da assistência social no Brasil?
Lucinha Araújo: Longe de mim pensar que sou um ícone. Sou apenas uma mulher impulsionada por um trauma, com tempo disponível e algum sentimento de solidariedade dentro de mim. Além da causa ser nobre, reabasteço minhas baterias no trabalho. É um caminho de mão dupla.
Qual foi a sensação de ter tido um filho soropositivo e a lição que você dá para as outras mães?
Lucinha Araújo: A sensação de impotência ante uma doença fatal, só um coração de mãe me entenderá em dor, e imaginará o sofrimento. Este tipo de ferida jamais cicatriza. Para as mães que como eu sofrem, receito o trabalho, que dignifica qualquer ser humano e ajuda a suportar a dor.
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