Pesquisadores brasileiros comprovam associação da enxaqueca com TDAH em crianças
Pesquisadores estimam que 4,4 milhões de crianças brasileiras sofrem de enxaqueca e mais de 3 milhões de dias escolares são perdidos ao ano em decorrência da doença
Cerca de 3% a 5% das crianças em todo o mundo podem conviver com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Os pesquisadores Marco Antônio Arruda e Marcelo Bigal, em um amplo estudo nacional realizado com 6.445 crianças de 87 cidades e 18 estados brasileiros, encontraram, de forma inédita na literatura, uma forte associação dessa condição com a enxaqueca infantil.
A estimativa dos pesquisadores brasileiros é de que 4,4 milhões de crianças no Brasil sofrem de enxaqueca e mais de 3 milhões de dias escolares são perdidos ao ano em decorrência dessa doença, que hoje apresenta tratamento e prevenção bastante eficazes.
Em outros estudos publicados, esses autores encontraram uma prevalência de enxaqueca em 10% das crianças brasileiras, além de outros resultados que indicam maior risco de baixo desempenho escolar, faltas à escola por causa da dor e índices mais baixos de bem-estar psicológico.
O achado inédito revela que crianças com enxaqueca apresentam um risco 3,3 vezes maior (ou seja, 230% maior) de também ter o diagnóstico de TDAH, em relação às crianças sem dor de cabeça. Se consideradas apenas as crianças com crises de enxaqueca em mais de 14 dias ao mês, chamada de enxaqueca crônica, esse risco sobe para 8,2 vezes maior (720%). Por isso, a identificação e diagnóstico preciso de ambas as condições são fundamentais para o sucesso do tratamento dessas crianças.
Na pesquisa, os pesquisadores perceberam que 79% das crianças já haviam se queixado de dor de cabeça ao menos uma vez em suas vidas. Dessas, 47% apresentavam crises de dor de cabeça de forma episódica e não única, 38% queixavam-se de cefaleia menos de 5 dias por mês, 7% de 5 a 9 dias, 2% de 10 a 14 dias e 1,6% mais do que 14 dias por mês.
Queixa comum em crianças
Dor de cabeça na criança é uma queixa extremamente comum, frequentemente causada por enxaqueca e, quando frequente, pode prejudicar o bem-estar psicológico e o desempenho escolar.
Das mais de 190 causas diferentes de dor de cabeça catalogadas pela Sociedade Internacional de Cefaleia, 113 já foram descritas na infância e adolescência, mostrando que as causas de dores de cabeça em adultos são também encontradas em crianças. Por outro lado, as dores de cabeça na infância apresentam várias particularidades que os estudos mais atuais, muitos deles realizados no Brasil, mostram.
Quanto à causa das dores de cabeça, os pesquisadores constataram que 10% das crianças com cefaleia episódica apresentavam enxaqueca. Comparando as crianças com enxaqueca às crianças sem dor de cabeça, o estudo revelou que as primeiras apresentam um risco maior de baixo desempenho escolar, faltas à escola por causa da dor, bem como índices mais baixos de bem-estar psicológico, com sintomas de ansiedade e depressão. Outras pesquisas mostram que crianças com enxaqueca apresentam níveis de qualidade de vida pior que o de crianças com doença cardíaca e diabetes, e desempenho escolar mais baixo que o de crianças com câncer.
As pesquisas foram publicadas em revistas especializadas e, segundo os neurologistas, embora ainda para muitos, "criança não tem dor de cabeça", essas pesquisas realizadas no Brasil e ao redor do mundo comprovam que têm, e, quando frequentes, as crises podem trazer muitos prejuízos para o desenvolvimento e qualidade de vida da criança.
Sintomas do TDAH
Os sintomas do TDAH, uma condição genética e neurobiológica, causam um grande prejuízo no desenvolvimento da criança, afetando aprendizado, memória e o desempenho escolar. Além disso, prejudica o melhor engajamento social por conta da inquietação e dificuldade de controle dos impulsos. Muito frequentemente esse transtorno vem acompanhado de outros como o Transtorno de Oposição e Desafio, Transtorno de Ansiedade e Depressão.
Pais e educadores conhecem bem crianças com sintomas clássicos de desatenção, hiperatividade e impulsividade, além das dificuldades em funções executivas (capacidade de planejar, se organizar, regular as emoções e controlar os impulsos).
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