Retinopatia diabética: a doença que pode atingir mais de 6 milhões de brasileiros
Dentre todas as consequências causadas pela diabetes, uma das mais perigosas, sem dúvidas, é a retinopatia diabética. Afetando diretamente os olhos, esse tipo de desenvolvimento da doença, pode até cegar completamente
No mundo todo, cerca de 371 milhões de pessoas possuem diabetes. Estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) mostra que o Brasil possui atualmente 13,4 milhões de diabéticos. O número é surpreendente, já que a estimativa é que teríamos cerca de 12,7 milhões de brasileiros diabéticos somente no ano de 2030. O Brasil passa a ser o quarto país do mundo em número de diabéticos, atrás apenas da China (92,3 milhões), Índia (62 milhões) e Estados Unidos (26,1 milhões).
Entre as consequências está o desenvolvimento da Retinopatia Diabética (RD), que afeta os olhos e pode provocar lesões graves e até perda total da visão. Existem duas formas de retinopatia diabética: proliferativa e não proliferativa. A não proliferativa ocorre quando as hemorragias e as gorduras afetam a mácula, necessária para a visão central, que é utilizada para a leitura, por exemplo. A proliferativa surge quando a doença dos vasos sanguíneos da retina progride, proliferando novos vasos anormais, chamados "neovasos". Estes novos vasos são extremamente frágeis e também podem sangrar. Além do sangramento, os neovasos podem proliferar para o interior do olho causando graus variados de destruição da retina e dificuldades de visão.
Ao fim de 15 anos, a RD está presente em 97,5% dos diabéticos tipo 1 (67,5% na forma proliferativa) e em 77,8% dos diabéticos tipo 2 (15,5 % na forma proliferativa). O edema macular está presente ao fim de 20 anos em 29% dos diabéticos do tipo 1 e em 28% dos diabéticos tipo 2. Entre os fatores de risco estão: a duração da diabetes, a idade, o valor da hemoglobina glicosilada e a tensão arterial. “O que constatamos é que a RD é reflexo do descaso e do descontrole do tratamento do diabetes, causados pelo sedentarismo, má alimentação, tabagismo e hipertensão. Controlando todos estes fatores, o risco de desenvolver retinopatia diabética cai 50%”, afirma Sérgio Kniggendorf, sócio e chefe do departamento de Retina e Vítreo do Hospital Oftalmológico de Brasília.
Se a Retinopatia Diabética é identificada logo no estágio inicial, opta-se pelo tratamento com laser, que evita o progresso da doença e o surgimento de novos vazamentos. Em fases mais agudas, é necessário complementar o tratamento com injeções aplicadas no próprio globo ocular, a cada 30 dias, durante três meses. As injeções favorecem a absorção de sangue e gordura infiltrados e corrigem o dano. Outra possibilidade é a fazer a vitrectomia, uma microcirurgia que remove a hemorragia juntamente com o líquido vítreo (gelatina que preenche o olho), substituindo-o por outro líquido semelhante e transparente. “Como a Retinopatia Diabética é silenciosa, não provoca dores, o paciente não percebe que está doente. Em geral, o sintoma mais comum é a vista embaçada, que ocorre progressivamente e, às vezes, subitamente pela hemorragia vítrea. A perda visual pode ser um sintoma tardio. Por isso, o melhor tratamento da Retinopatia Diabética é a prevenção através de consultas oftalmológicas regulares”, explica Kniggendorf.
Entretanto, é preciso alertar que todos os segmentos do aparelho visual podem ser afetados. Começando pela superfície ocular, que, com a diminuição da sensibilidade da córnea, pode ter propensão para o aparecimento de ceratites, úlceras neurotróficas e defeitos epiteliais persistentes.
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