Atividade física e frio, quais os cuidados específicos?
Os atletas precisam ficar atentos aos sinais de hipotermia no inverno
Tanto para quem treina ao ar livre, como em lugares fechados, o inverno requer uma atenção maior. Corredores, nadadores, triatletas, profissionais e amadores precisam tomar algumas precauções para não comprometerem a saúde no inverno. Embora no Brasil o frio não seja um dos mais intensos, são necessários alguns cuidados ao dar continuidade à rotina de exercícios nos meses de temperaturas mais baixas. Parar com a atividade física é que não vale!
Para não ter problema, a professora Stella Torreão explica que é melhor iniciar o treino com intensidade mais baixa e com maior tempo de aquecimento. Isso porque há um risco maior de distensão de músculos e tendões nesta época do ano, por conta do encurtamento e do enrijecimento muscular. De acordo com a profissional, há indicações diferentes para os atletas começarem os treinos durante o inverno: caminhada lenta para iniciantes e corrida lenta para atletas avançados. Como as roupas podem ficar úmidas por causa do suor ou da chuva, existe a necessidade de trajes adequados.
E por falar em roupa, esse é outro ponto que precisa receber atenção especial. "É importante proteger as extremidades, cabeça, mãos e pés. Se vestir em camadas, começando com tecido sintético (exemplo: polipropileno, que favorece a evaporação do suor, mantendo a roupa seca, ao contrário do algodão) e, a seguir, um outro tecido, nylon, por exemplo, que protege contra o vento e a chuva, permitindo ainda a troca de calor", explica Eduardo Mourelle, também professor de educação física do Espaço Stella Torreão, no Rio de Janeiro. Stella salienta a importância do uso de vestes que facilitem a evaporação do suor, como o dry-fit, similar ao coolmax.
Os profissionais também recomendam não permanecer com as roupas molhadas após o treino. Eduardo explica que, em casos de baixas temperaturas, o ideal é que o contato do corpo com uma temperatura extremamente baixa seja progressivo. "Para isso, é recomendado o uso de agasalhos no início do treino, que poderá, ou não, ser retirado no decorrer do mesmo, dependendo das condições do atleta. Contudo, cabe ressaltar que poderá haver danos à saúde, caso sua temperatura corporal seja inferior a 35ºC (configurando estado de hipotermia), ainda que de forma progressiva".
O atleta deve ficar atento aos sintomas da hipotermia que são:
Leve (35 a 33ºC): Sensação de frio, tremor, diminuição da atividade motora (letargia ou prostração), espasmos musculares e alteração da marcha (o atleta parece perder parte do equilíbrio ao caminhar). A pele fica fria, as extremidades (ponta dos dedos, lábios, nariz, orelhas) mostram tonalidade cinzenta ou cianótica (levemente arroxeada).
Moderada (33 a 30ºC): Os tremores tendem a desaparecer. O atleta começa a ficar muito prostrado, sonolento, quase inconsciente, com rigidez muscular e alterações da fala e da memória. A frequência cardíaca fica mais lenta ou irregular.
Grave (menos de 30ºC): O atleta fica inconsciente e imóvel. As pupilas tendem a dilatar e as frequências cardíaca e respiratória são quase imperceptíveis. É importante reaquecer o paciente e tentar manobras de ressuscitação.
Se a roupa ficar úmida por causa de chuva ou suor, não existe risco à saúde durante o treino. Isso porque, durante a atividade, o organismo executa termorregulação, responsável por manter a temperatura corporal em cerca de 37°C. "Ao término do treino, porém, quando o corpo entra em processo de resfriamento, é indicado trocar as peças de roupa úmidas por outras secas. Assim, evitamos a exposição do corpo molhado ao vento e ao frio, que diminuem a temperatura corporal, já que os tecidos molhados perdem a capacidade de realizar o isolamento térmico e a pele úmida também facilita a perda de calor", orienta o professor.
E quanto à alimentação nesse período? A nutricionista Larissa Cohen explica que é preciso ficar atento com a quantidade e com a qualidade de carboidratos da dieta. "A ingestão de carboidratos no inverno deve ser redobrada, uma vez que o gasto energético do indivíduo aumenta de forma natural com as quedas das temperaturas", diz a especialista. A profissional ressalta ainda que um ponto importante a se considerar é a imunidade, que pode ficar comprometida com as temperaturas baixas. Então, deve-se priorizar também alimentos ricos em vitaminas e minerais.
A hidratação é um capítulo à parte na dieta de um atleta que mantém a intensidade do treino durante o inverno. Deve-se ter atenção com a hidratação, porque acabamos sentindo menos sede no inverno. Por isso, Larissa recomenda a ingestão dos isotônicos, de acordo com a duração e intensidade dos exercícios.
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