Quais são os limites da cirurgia plástica na adolescência?
Em entrevista para o Saúde, Dr. Tomaz Nassif explica até onde procedimentos estéticos em adolescentes são recomendados e esclarece o motivo do aumento da procura por cirurgias plásticas nessa faixa etária
As preocupações com a beleza e insatisfações com o próprio corpo se refletem num número crescente de adolescentes, garotas e garotos, que desejam fazer uma cirurgia plástica antes dos 18 anos. Nossa conversa com o cirurgião plástico Tomaz Nassif, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e chefe do Serviço de Microcirurgia Reparadora do Hospital Federal dos Servidores do Estado do RJ, revela algumas informações importantes.
A partir de qual idade a cirurgia plástica é indicada, sem interferir no desenvolvimento? Essa idade varia entre meninos e meninas?
Tomaz Nassif: Depende da cirurgia. Se pensarmos em deformidades como o lábio leporino, por exemplo, a cirurgia é feita durante o primeiro ano de vida. Normalmente, falando de cirurgias de cunho mais estético, as deformidades do pavilhão auricular são as mais demandadas por volta dos 5 anos de idade. É a chamada orelha de abano.
Em meninas e meninos, é igual. Já na adolescência, entre os 15 e 18 anos de idade, as cirurgias corretivas do nariz e a lipoaspiração localizada, são as mais procuradas. Para os meninos, a cirurgia de correção das mamas (ginecomastia – mamas em homens) é bastante comum e pode ser feita com cirurgia ou lipoaspiração, ou ainda pela combinação de ambas.
Nos últimos anos foi possível observar um aumento de adolescentes em seu consultório? É possível expressá-lo em números? Existem estatísticas atuais da SBCP?
Tomaz Nassif: Creio que as últimas estatísticas, feitas por empresas especializadas, contratadas pela SBCP, foram as citadas. Realmente houve um aumento da procura por jovens adolescentes. Creio que os bons resultados obtidos pelas modernas técnicas e pela lipoaspiração são os responsáveis por isto.
A adolescência é a fase ideal para corrigir imperfeições?
Tomaz Nassif: As imperfeições devem ser corrigidas assim que começam a causar problemas de relacionamento e da esfera psíquica. A recuperação nesta fase é muito rápida e existe uma melhor acomodação da pele. Já as cicatrizes, se existirem, são normalmente “piores” do ponto de vista estético, pois tendem a ser mais fortes e podem ficar vermelhas e elevadas por mais tempo.
Quais são os principais motivos que levam os adolescentes ao seu consultório? A busca por inserção social é uma causa predominante?
Tomaz Nassif: Creio que sim, visto que o relacionamento social é fundamental nesta fase e os jovens são, em geral, muito intolerantes.
Quais são os procedimentos mais procurados por meninas e meninos?
Tomaz Nassif: Meninas: orelhas de abano, nariz, mamas e lipoaspiração. Meninos: abano, ginecomastia e lipoaspiração.
O adolescente exige um tratamento diferenciado? A dinâmica entre consulta e cirurgia é mais demorada?
Tomaz Nassif: Existe a necessidade de conciliar o desejo do adolescente com os receios naturais dos pais, que normalmente acompanham os filhos durante as consultas. Tudo isso, aliado a um cuidado maior em entender e explicar os procedimentos, torna a dinâmica mais trabalhosa e demorada.
O aumento da autoestima é um fator determinante na indicação de uma cirurgia plástica?
Tomaz Nassif: Sim, desde que o desejo em alterar a imagem corporal ou facial esteja dentro de limites toleráveis, sem exageros e não resultado de uma visão deturpada da imagem anímica.
A plástica pode contribuir para o desenvolvimento psicossocial do jovem? O senhor observa isso no seu cotidiano? Há pacientes que mudam de astral e comportamento após a cirurgia?
Tomaz Nassif: Com certeza! As cirurgias bem indicadas e desejadas pelo adolescente, quase sempre resultam em uma resposta positiva no comportamento destes jovens. Eles se sentem valorizados pela família e mais bem aceitos pela sociedade e pelos amigos.
Existem casos em que a cirurgia não é indicada? O senhor pode nos dar algum exemplo?
Tomaz Nassif: Exatamente quando existe um problema na esfera psíquica que leva ao descontentamento crônico com a imagem. Chama-se dismorfofobia ou transtorno dismórfico corporal ou síndrome da distorção da imagem. E existem casos em que a indicação não é correta, como tentar emagrecer fazendo uma lipoaspiração. Ou ainda, cirurgias que não estão indicadas por conta da idade. Ou seja, numa fase ainda precoce da vida. Exemplo: redução das mamas antes dos 16 ou 18 anos de idade.
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