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Ricardo Boechat: "Lido com a notícia como algo instantâneo." (Entrevista 2012)

Em entrevista para o Saude, Ricardo Boechat, jornalista, âncora e locutor de rádio brasileiro, fala um pouco sobre a carreira do jornalista e sua vida pessoal

Ricardo Boechat é colunista titular do jornal O Globo há 15 anos, e atua no telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo. Tem 30 anos de carreira jornalística, e recebeu dois prêmios Esso de Jornalismo, entre outros. Sua coluna é uma das mais lidas no Brasil.

 

Você se espelhou em alguém para seguir a carreira de jornalista? Quem?

Ricardo Boechat: Em ninguém. Sempre tive gosto pela leitura e na época da militância tinha boas notas em redação. Segui a carreira por oportunidade, pois não terminei nem o segundo grau. Na década de 70 fui "foca" do Diário de Notícias, cobri as férias de Ibrahim Sued e, assim, aprendi na prática.

 

Qual é sua rotina na TV?

Ricardo Boechat: Há cinco anos sou colunista do Bom Dia Brasil, e por isso tenho que chegar cedo por causa do horário do telejornal.

 

Que impacto tem sobre você dar uma notícia importante, muitas vezes desagradáveis?

RB: Nenhum. Lido com a notícia como algo instantâneo, e as más notícias fazem parte da rotina. Nas ocasiões em que recebemos notícias desagradáveis na redação, surgem piadas, mas acho que é uma autodefesa do profissional para encarar os fatos.

 

Sua coluna é muito atrativa, aborda uma imensa gama de questões Como é que você mescla as notícias com tanta precisão?

RB: Ter notícias de todas as áreas, em primeira mão, é um objetivo pretensioso. Gostaria de fazer uma retificação; algumas notas não têm tanta precisão. É claro que erramos mais do que gostaríamos, mas o nível de precisão é suficientemente alto. Somos uma equipe de três pessoas e uma em Brasília, que liga para as fontes, políticos, artistas, empresários atrás de furos e notícias em primeira mão.

 

Qual foi a melhor experiência jornalística de sua carreira?

RB: Já ganhei prêmios importantes na carreira, como o Esso, e pelas notas publicadas, mas não tive nenhum momento marcante. Para mim, jornalismo é parecido com açougue; tem que expor uma carne de boa qualidade para o freguês voltar no dia seguinte. O dia-a-dia é que faz a relação.

 

Você apresentaria um "talk show"? Como vê este tipo de programa?

RB: Este tipo de programa não me agrada, e também não me sinto apto para isto. Para mim, um "talk show"deve ser apresentado por uma pessoa com um conhecimento cultural bem amplo, como falar várias línguas.

 

Qual é a sua visão da Internet como um veículo de comunicação? Você acha que a informação jornalística na Internet já tem seu público?

RB: O espaço que a Internet ocupa é crescente, e ainda será maior do que hoje. Mas a relação do usuário com a Internet não é, ainda, tão intensa quanto a que o leitor tem com o texto impresso. A relação do homem com o livro é muito forte.

 

Como vê a atual situação da saúde pública no Brasil e a existência de surtos de doenças endêmicas, que muitos países já erradicaram?

RB: Muitos países já eliminaram coisas que aqui ainda têm lugar, como corrupção, violência sem controle, mortalidade infantil,... E a saúde pública no Brasil é reflexo desta realidade. Agora, olhando a África e alguns lugares da América Latina, o Brasil não está numa posição tão precária. O atendimento público e a vacinação avançaram. O processo está avançando graças à pressão da sociedade, e não por vontade política, como o caso da militância gay na questão da Aids. Estamos longe do ideal.

 

Você acha que o brasileiro está valorizando mais a saúde ou está apenas preocupado com a estética?

RB: A preocupação é predominantemente estética. Em nossa época as pessoas estão mais vaidosas. É a cultura do popozão, "quero estar saradão e não saudável".

 

Que atividade física costuma fazer diariamente? Pratica algum esporte? Qual?

RB: "Trabalhar"... Não, sério ... Jogo futebol; na verdade, é uma pelada, duas vezes por semana. No sábado de manhã tenho folga e por isso vou tentar fazer alguma atividade, mais para lazer que exercício físico. Contratei um professor para fazer alongamento uma vez a cada 15 dias. Às terças e quintas vou à academia.

 

Qual é o seu lazer preferido?

RB: É o futebol.

 

Como é sua vida social? Costuma sair com os amigos e curtir a família?

RB: Sou extremamente caseiro e tenho hábitos prosaicos. Depois que jogo futebol, costumo encontrar os amigos para jogar sinuca, baralho, alguns levam as famílias e, quando posso, levo meus filhos. Como hobby, frequento galerias de arte e, no sábado de manhã, vou à Bolsa de Arte. Também vou a exposições e museus.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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