Apneia do sono pode causar arritmia cardíaca
Fique atento aos sintomas desta doença que atrapalha a qualidade do sono e pode trazer complicações mais graves
Sonolência diurna, acordar cansado, ter perda de concentração e sentir-se estressado são alguns dos sintomas de uma noite mal dormida. Contudo, estas não são as maiores complicações, afinal, estudos recentes mostram que distúrbios do sono podem causar até problemas cardíacos. Principalmente pessoas que sofrem de apneia, que se caracteriza por pequenas interrupções durante o sono, em que se fica alguns minutos sem respirar e depois volta ao normal, devem ficar atentos à qualidade do sono.
Fatores como idade acima de 40 anos, obesidade, consumo de bebidas alcoólicas e cigarro aumentam o risco deste distúrbio. Com o crescente número de obesos, em consequência da má alimentação e do sedentarismo que vemos hoje, o número de pessoas afetadas por esta doença também aumenta. "A apneia afeta 5% de indivíduos com idade entre 40 e 65 anos. 50% dos pacientes com apneia são obesos, e também existe uma prevalência maior em homens", comenta o Dr. Camillo Junqueira, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas Mário Lioni.
Ao dormir, há um relaxamento da musculatura, então é muito frequente roncar. É um sinal de apneia se a pessoa está roncando e de repente faz um silêncio. Este silêncio é porque a garganta fechou, é uma parada respiratória. A obstrução das vias respiratórias faz com que o organismo necessite de uma força maior para que o ar chegue até o pulmão e possa ser distribuído para o organismo, o que obriga o coração a bombear o sangue com mais força ou rapidez, e que pode gerar a arritmia. "Roncos testemunhados, despertares abruptos, cansaço progressivo, sonolência durante o dia, déficit de memória e labilidade de humor são alguns dos sintomas que devemos nos ater", afirma o médico.
Pacientes que apresentam esses indícios devem fazer o exame de polissonografia, que consiste no monitoramento do sono, para observação de quantidade de oxigênio, intensidade do ronco e número de paradas respiratórias por hora. Até cinco episódios por hora é considerado normal. De cinco a 15, é grau leve, e de 15 a 30, moderado. Acima de 30, a síndrome é grave. "Existem tratamentos, através de máscaras faciais ou nasais. Pode ser necessário, em alguns casos, a realização de cirurgia de vias aéreas superiores para melhorar a passagem do ar", explica o especialista.
Não é porque você tem apneia que vai desenvolver uma arritmia cardíaca. Mas o Dr. Camillo Junqueira alerta que todos os indivíduos que apresentam apneia, mesmo as leves, podem desencadear a doença cardíaca. "A melhora no quesito sono é muito importante, pois, sem dúvida, diminui o risco de desenvolver arritmias", diz.
Além da arritmia, a apneia do sono também está ligada ao aumento da incidência de hipertensão arterial. A disfunção ainda aumenta o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes. Fora isso, um sono conturbado pode diminuir a liberação de uma substância chamada leptina, responsável pela saciedade. Ou seja, a pessoa come mais durante o dia, piorando as chances de se tornar obesa. "Para se prevenir da apneia do sono é importante o controle do peso, a não ingestão de álcool e, na hora de dormir, procurar manter a posição de decúbito lateral, para evitar a queda de língua e obstrução das vias aéreas superiores. Indivíduos com problemas de vias aéreas superiores devem realizar tratamento com otorrinolaringologista e até cirurgia, se necessário", alerta o médico.
O sono é uma atividade essencial para manter a saúde e melhorar a qualidade de vida. É considerado um período importante de repouso para o corpo e para mente. Mas, para muitos, a realidade não é essa. A apneia obstrutiva é responsável por acabar com o sono tranquilo e gerar diversos problemas de saúde e sociais. Por isso, é bom ficar atento aos primeiros sintomas e às formas de tratamento.
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