Mau hálito? Saiba quando é preciso se preocupar
A halitose é muito comum entre os brasileiros e, muitas vezes, não tem a devida atenção
A halitose é um problema que atinge grande parte da população e não deve ser negligenciado, pois pode ser um sintoma de doenças como, por exemplo, a diabetes. As causas do odor desagradável são muitas, no entanto, a maioria delas é decorrente de hábitos sociais, alimentares e de higiene.
O mau hálito é determinado pela ação de bactérias anaeróbicas, isto é, que vivem em espaços sem oxigênio, se fermentam e produzem o gás sulfídrico, responsável pelo cheiro ruim. Para a nossa sorte, a natureza fez com que o corpo humano tivesse na própria boca uma defesa: a saliva. Esta substância aquosa, secretada pelas glândulas salivares na cavidade bucal, funciona como um remédio contra a halitose, porque contém muito oxigênio, sendo capaz, portanto, de eliminar tais germes. "Em 90% dos casos, o mau hálito é de origem bucal e deve-se a um desequilíbrio entre a camada de saburra da língua (restos alimentares) e uma secreção salivar incompetente", explica o gastroenterologista José Figueiredo Penteado.
As causas extrabucais mais frequentes são as doenças da orofaringe, bronco-pulmonares, digestivas, alcalose, doenças hepáticas, perturbações do sistema gastrointestinal, diabetes (odor de acetona ou fruta) e nefrite (odor amoniacal característico devido à concentração de ureia na saliva e sua decomposição em amoníaco pelas bactérias).
Como a halitose é sinal de um desequilíbrio orgânico, os estressados também têm mais um motivo para se preocupar. Além do alto risco de sofrerem com problemas como hipertensão, gastrite, dor de cabeça, tensões musculares e, até mesmo, infarto, estudos recentes indicam que eles são fortes candidatos a terem mau hálito. Afinal, o nervosismo e a irritação constantes diminuem a produção de saliva, reduzindo a higiene e desequilibrando a flora bucal.
Contudo, a boa notícia é que o mau hálito tem solução, quando os exames necessários são feitos. "A terapêutica depende de se detectar a causa. Depois de instalada a bactéria ou o fungo, é preciso um tratamento local específico e rigoroso de higiene bucal, com kit de remoção da saburra e estímulo salivar", afirma o médico. As principais formas de eliminar este mal consistem na realização de uma boa limpeza da boca, na adoção de uma alimentação rica em frutas e legumes e na ingestão de muita água. Além disso, é aconselhável ir ao dentista regularmente.
A questão da nutrição está diretamente ligada ao hálito. Cenoura, maçã e outros alimentos fibrosos auxiliam na promoção de uma limpeza total na parte dos dentes e na linha das gengivas. "Alho, cebola, pimenta, pimentão e tangerina são algumas comidas que podem ocasionar um mau cheiro na boca. Mas não pode ser considerada mau hálito, já que esta, hoje em dia, é uma doença bem definida. O odor de alimentos não é considerado halitose", esclarece o doutor. O mau hálito matinal também não é tido como um problema, pois é fisiológico e presente em 100% da população. Ele acontece devido à redução do fluxo salivar durante o sono, que possibilita o aumento da flora bacteriana anaeróbia.
Embora o problema do mau hálito não seja um distúrbio de saúde tão sério, o mesmo gera diversos prejuízos sociais e psicológicos para a pessoa, seja no ambiente de trabalho, nos relacionamentos, na escola, etc. Os mais comumente relatados são insegurança ao se aproximar das pessoas, depressão secundária a isso, dificuldade em estabelecer relações amorosas, esfriamento do relacionamento entre o casal, resistência ao sorriso, ansiedade e baixo desempenho profissional, quando o contato com outras pessoas é necessário.
Uma forma que as pessoas costumam usar para saber se tem mau hálito é cobrir a boca e o nariz com a mão, exalar e sentir o cheiro, mas o especialista alerta que só o exame com um profissional pode confirmar o problema. "Só há uma forma de saber se tem mau hálito: fazendo o teste do enxofre, feito em um aparelho apropriado chamado Halimeter e examinando-se a boca com uma câmera que fotografa a língua para saber se ela está contaminada com o fungo", diz.
Para o tratamento ser eficaz, antes de tudo, é necessário que o paciente se conscientize que grande parte do sucesso do tratamento depende só dele, até porque, muitas vezes, será preciso intervir em hábitos como parar de fumar ou comer em horas certas, mudanças que nem sempre são bem aceitas. Mas medidas simples como boa higiene oral, com o uso de escova, fio dental e soluções para bochechos antissépticos bucais sem álcool ou somente água oxigenada são efetivas na grande maioria dos casos. É bom frisar que ninguém está livre deste problema. "Não há um grupo específico mais atingido. O que muitas vezes vemos é uma recorrência em idosos, que às vezes têm depressão, a boca fica com menos saliva e menos resistência, o que facilita a deposição do fungo", comenta e conclui o Dr. José Figueiredo Penteado.
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