Praticar esportes pode alterar visão, afirma oftalmologista
Aumento da transpiração e estresse geram alterações visuais que comprometem o desempenho na prática de exercícios
Praticar esportes faz um bem indiscutível à saúde, mas também pode induzir a doenças se não forem tomados cuidados simples para preservar a saúde. Este é o caso da conjuntivite (inflamação da conjuntiva), que já afastou vários craques do futebol de diversos jogos e campeonatos. Coceira, vermelhidão, pálpebras inchadas, sensibilidade à luz, lacrimejamento e queda da visão são os sintomas dessa doença.
Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a conjuntivite mal tratada pode provocar cicatrizes na córnea que causam declínio permanente da visão, mas é considerado um mal menor pelo brasileiro. Tanto que só o medo da covid-19 fez a população adquirir hábitos que previnem a doença, como lavar as mãos com frequência, evitar o compartilhamento de objetos pessoais e aglomerações.
Para o médico, a alta frequência da conjuntivite entre jogadores profissionais indica uma incidência bem maior nos participantes de "peladas" de final de semana. O problema, comenta, é que o futebol e outros esportes de contato dificultam a adesão aos hábitos preventivos. A dica para driblar esta dificuldade é, principalmente, evitar levar as mãos aos olhos e o compartilhamento de toalhas durante os jogos.
Umidade dos olhos facilita sobrevivência de vírus
O médico alerta que, até no verão, os olhos facilitam a sobrevivência de vírus por serem úmidos. Por isso, nesta época do ano, a higiene deve ser redobrada para evitar a conjuntivite que cresce 20%. Além do vírus, explica, no calor a conjuntivite pode ser causada por bactérias que se proliferam em ambientes quentes e pelo contato com substâncias químicas que penetram nos olhos através do suor. Ao primeiro sinal de desconforto, a recomendação é fazer compressas quentes quando houver secreção amarelada, e gelada se a secreção for transparente. Se os sintomas não desaparecerem em dois dias, é importante consultar um oftalmologista.
Desidratação ameaça olhos
Jogadores de futebol e praticantes de outras atividades aeróbicas têm o dobro de risco de apresentar doenças relacionadas ao calor – desidratação, exaustão e choque térmico. Para os que têm IMS (Índice de Massa Corpórea) acima do normal este risco é ainda maior, afirma Queiroz Neto. Isso porque o sobrepeso aumenta a transpiração e a chance de ocorrer alterações cardíacas e circulatórias. Na opinião do especialista, no Brasil, as partidas de futebol geralmente acontecem no final da tarde para minimizar estes efeitos. Ainda assim, afirma, a transpiração intensa faz muitos jogadores sentirem câimbra por causa da grande perda de água e sódio durante os jogos. Nos olhos, mesmo a desidratação leve acarreta o ressecamento da lágrima, cujos sintomas são ardência e visão embaçada.
Para evitar este desconforto, ele diz que os esportistas devem tomar, no mínimo, 2 litros de água por dia, ou até mais se sentirem sede, além de consumir alimentos ricos em ômega 3, que melhoram a qualidade da lágrima. Até a redução da visão periférica pode ocorrer como consequência da falta de água. O especialista explica que isso acontece quando a desidratação ocasiona hipotensão arterial (pressão baixa) em portadores de glaucoma de pressão intraocular normal - 10 a 21 mmHg (milímetros de mercúrio) - que atinge entre 10% e 15% dos portadores da doença.
Hormônios fora de foco
O oftalmologista também diz que, entre atletas, boa parte das dores musculares está relacionada ao estresse a que são submetidos durante as competições. Isso porque, em situações estressantes, as glândulas suprarrenais aumentam a produção de dois hormônios - cortisol e adrenalina - que aumentam a tensão muscular. Isso desencadeia o enrijecimento da musculatura ciliar que sustenta o cristalino, membrana ocular responsável pela focalização das imagens. Por isso, quem tem miopia, astigmatismo ou hipermetropia pode experimentar uma piora da acuidade visual durante as práticas esportivas.
A falta de foco, comenta, contribui com o aumento das contusões, quedas e erros táticos em campo. A dica do médico para diminuir este efeito é fortalecer a musculatura com suplementação de vitamina E, que também combate a formação de radicais livres, responsáveis pelo enfraquecimento e envelhecimento precoce da visão.
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