As vantagens e riscos das infiltrações
Especialista alerta que o procedimento pode ser mais seguro do que o uso de anti-inflamatórios por via oral
Usada desde a metade do século passado, o anti-inflamatório esteróide intra-articular ou intralesional, popularmente conhecido como infiltração, é um dos procedimentos mais conhecidos da ortopedia, mas que ainda deixa muitas dúvidas para os pacientes. "Devido a seu grande efeito anti-inflamatório, os esteróides são usados em grande número de patologias ortopédicas", explica o médico ortopedista da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Vicente Carlos F. Macedo.
Muitos têm insegurança quanto à eficácia, efeitos colaterais e medicações a serem utilizadas. Segundo o Dr. Vicente, a habilidade técnica do profissional é um ponto importante a ser considerado. "Existem formas solúveis, de ação mais curta, indicadas para processos agudos; formas insolúveis, de ação prolongada, para processos de longa duração e formas mistas. Cabe ao profissional avaliar qual o procedimento adequado", explica.
Antigamente, usavam-se agulhas maiores e o medicamento era aplicado fazendo um leque no tecido. Hoje em dia, é feita a aplicação apenas no ponto inflamado definido previamente no exame físico do paciente, o que garante maior segurança. "Uma infiltração também pode ser usada como procedimento de diagnóstico, ajudando seu médico a identificar onde está a fonte de dor, nos casos em que exista dúvida", afirma o especialista.
Uma pesquisa científica, publicada pela Revista Brasileira de Ortopedia, avaliou os riscos da infiltração. Os resultados foram esclarecedores. Além de mostrar que o procedimento é seguro, revelou como evitar efeitos colaterais. "Considerando-se todos os eventos adversos, existiu algum efeito colateral visível ou referido em 26 das 241 das infiltrações realizadas, correspondendo a um índice de 10,78%. Para tentar evitar complicações, como despigmentação e atrofia de pele, achamos prudente efetuar injeção profunda nos locais com maior quantidade de tecido subcutâneo ou utilizar formas de corticóide mais solúveis, com menor volume, se o subcutâneo for mais escasso", diz a publicação.
Apesar dos riscos dessas injeções serem pequenos, é bom lembrar que nenhuma intervenção médica está totalmente livre dos mesmos. Por isso, a infiltração é contraindicada em caso de suspeita de infecção, dores de cabeça e sangramento. "Alguns procedimentos podem ter seus riscos específicos, neste caso, o ideal é perguntar para seu médico sobre tais particularidades", ressalta o médico.
O Dr. Vicente alerta também que a outra forma de uso dos corticóides, por via oral, pode ser muito mais perigosa. "Publicações recentes sobre anti-inflamatórios orais têm cada vez mais demonstrado efeitos colaterais, e a ANVISA suspendeu recentemente vários do mercado. Portanto, devemos sempre estar alerta para a possibilidade do uso da infiltração como arsenal terapêutico atual nas patologias ortopédicas".
O médico conclui que "a infiltração usada concomitante com o reforço muscular - seja com o apoio de um bom fisioterapeuta ou mesmo na academia - gera muitos benefícios para o tratamento de diversas doenças ortopédicas".
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