Apesar de ser o meio de transporte mais seguro do mundo, voar de avião ainda causa calafrios em algumas pessoas
A aerofobia, ou seja, medo de andar de avião, é uma das fobias que mais faz parte da vida do brasileiro. Porém, para a alegria dos aerofóbicos, essa fobia tem cura. Entenda como funciona o tratamento psicológico
..."Quando consigo embarcar, meu pensamento fica fixo na possibilidade de um acidente e na aflição de não ter controle da situação. O pior é na decolagem, porque o avião faz muito barulho, e qualquer variação no barulho causado pelas turbinas do avião ou qualquer expressão diferente de uma comissária de bordo, parece ser o prenúncio de uma catástrofe. Nesse momento eu rezo e choro, mesmo tendo tomado calmante e muita bebida"...
...”Minha viagem começa no bar do aeroporto e continua no serviço de bordo. Tomo tanto chope e cerveja para criar coragem antes de embarcar que, uma vez, viajando em um avião pequeno, fiquei com tanta vontade de urinar que tive dores no corpo todo e a sensação de que a bexiga iria estourar. Quando o avião, enfim, fez uma escala, fiquei 15 minutos no banheiro e quase perdi a continuação do voo”...
O medo de voar é uma fobia específica que atinge mais de 40% dos brasileiros e que pode se manifestar em diferentes níveis, do mais ameno, nas pessoas que utilizam o transporte aéreo com receio, sendo última opção, ao mais extremo, nas pessoas que não o utilizam nunca por já se sentirem desesperadas ao se imaginarem entrando num avião. Após o desastre do voo 447 da Air France, essa fobia ganhou uma maior evidência e, embora seja de conhecimento comum que o avião é o meio de transporte mais seguro que existe, para quase metade da população brasileira voar é algo assustador.
O sofrimento gerado pelo medo de voar é intenso e pode provocar uma cadeia de reações ruins – pensamento recorrente, crises emocionais e reações físicas (palpitações, sudorese, tremores, desconforto abdominal, falta de ar, náusea, desconforto no peito, vertigem, etc.). Algumas pessoas acabam recusando empregos por temer viajar de avião, outras utilizam o efeito do álcool e ou tranquilizantes para "enfrentar” a viagem. O medo de voar pode não estar relacionado a um único aspecto, pode incluir o medo de acidente, o de ficar fechado, o de altura, o da instabilidade e o da perda de controle, o que pode gerar constrangimentos e prejudicar a vida pessoal e profissional.
Com o desenvolvimento das técnicas da Psicologia Comportamental e Cognitiva para o tratamento desse tipo de fobia e de outras correlatas, a cura do medo de voar passou a ser atingida com um alto índice de sucesso, acima dos 90%, sendo atualmente a melhor alternativa para quem pretende se livrar da aversão exagerada de voar. O tratamento do medo de voar é feito em grupos de sete pessoas, uma vez por semana, e dura em média dois meses. Para participar do curso, cada paciente passa por uma consulta prévia de avaliação e diagnóstico. Todos os participantes do grupo possuem algo em comum, facilitando assim a interação, a desinibição, a identificação das causas e a cura. O tratamento visa criar mudanças positivas para que as pessoas superem o medo de voar e possam viajar de forma natural e descontraída.
Os procedimentos são planejados e executados seguindo as combinações das técnicas da Psicologia Comportamental e da Psicologia Cognitiva. Na terapia comportamental, o objetivo é fazer com que as pessoas desenvolvam controle sobre comportamentos indesejáveis. O paciente aprende a lidar com situações difíceis, com exposições graduais a elas. Na terapia cognitiva são trabalhados os pensamentos que geram emoções. O paciente é estimulado a prestar atenção ao seu padrão mental e a tentar mudar os pensamentos improdutivos ou nocivos à saúde.
O processo terapêutico compreende orientação psicológica, técnicas para diminuir a ansiedade, reestruturação do pensamento, treinamento de relaxamento e enfrentamento com visitas ao aeroporto, encerrando com uma viagem acompanhada por um psicólogo. A evolução do tratamento é determinada pelo desenvolvimento do autocontrole do paciente. Em nenhum momento as pessoas são forçadas a enfrentar situações que não estejam à vontade para fazer.
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