Zagallo: "Levo uma vida normal, sem extravagâncias." (Entrevista 2001)
Zagallo conta para o Saude como faz para se manter saudável e conciliar com a vida futebolística
Mário Jorge Lobo Zagallo é o único tetracampeão mundial de futebol. As duas primeiras conquistas (1958 e 1962) foram como jogador. E as últimas (1970 e 1994) foram como treinador da seleção. Por todos os clubes que passou, atuando como jogador ou técnico, Zagallo conquistou títulos.
O que você faz para manter sua saúde?
Zagallo: Levo uma vida normal, sem extravagâncias. Jogo tênis até oito horas por semana e de vez em quando faço caminhada, pelo menos quatro vezes por semana, porque a pessoa deve estar sempre em atividade e nunca parar. Tomo vitamina E, Centrum, um composto com quase todas as vitaminas e outro composto para afinar o sangue. Ter uma vida regrada é importante, e nada impede que socialmente tome um uísque ou uma cerveja. Tudo em excesso na vida atrapalha.
Tem o hábito de fazer exames periódicos?
Zagallo: Até que sou um pouquinho relaxado neste aspecto. Faço exames de seis em seis meses que determinam o colesterol (em todos os requisitos), de sangue, de próstata, de diabetes. Quanto ao check up é que sou relaxado, o elétrocardiograma, não faço.
Você faz alguma dieta alimentar ou segue orientação de um especialista?
Z: Não faço dieta, tenho uma alimentação sadia e mantenho meu peso ideal. Quando cheguei aos 74 quilos, resolvi perder o excesso. Como um pouco de tudo.
Que esportes pratica ou gosta mais, além do futebol?
Z: Pratico só tênis, mas estou ligado em todos os esportes e gosto de todos. Em se tratando de representar o país fora, seja o Guga no tênis, o vôlei masculino, o feminino, ou o basquete, apesar de não estar ligado diretamente, acompanho tudo, pois faz parte da minha vida.
Faz algum exercício mental ou terapia para prevenir o estresse do dia a dia?
Z: A minha profissão é um pouco estressante, mas é uma rotina à qual meu organismo já se acostumou, é automático. Sou uma pessoa que vive o momento, sem desligar a tomada. Tenho meu autocontrole.
Se não se dedicasse ao futebol, que outra carreira você teria? Por quê?
Z: Quando garoto, eu estudei no internato São José, Colégio Marista, me formei em Contabilidade e minha ideia inicial era ser piloto, aviador, mas tive astigmatismo e isto me prejudicou. Depois pensei em trabalhar com meu pai no comércio, como representante, mas o destino me levou ao futebol. Meus pais não aceitaram, porque naquela época jogador era sinônimo de "vagabundo", mas meu irmão mais velho interferiu e a coisa, que começou como uma brincadeira, acabou dando certo.
Você se sente realizado com as carreiras de jogador e técnico de futebol?
Z: Não tenha dúvida. Foi uma realização máxima nas duas carreiras.
Na sua opinião, qual a importância do futebol na cultura do Brasil?
Z: Acho que o futebol é o maior representante da nossa cultura. A maior propaganda que um país pode ter dentro do mundo esportivo é com o futebol. E o Brasil está muito bem representado. Todo o mundo conhece o Brasil hoje, porque na minha época (eu me recordo muito bem), em 1958, na Suécia, nós da equipe não vimos a bandeira do Brasil na concentração e fomos falar com o gerente do hotel, e aí ele mostrou a bandeira de Portugal como se fosse a do Brasil. Nós, então, falamos que o Brasil era outra nação. Depois ele pediu desculpas.
O temperamento forte e a emotividade são características de sua personalidade no dia a dia, ou só afloram durante os jogos?
Z: Sou uma pessoa fácil de ser levada, meu signo é Leão, se souber me levar, você me tranca numa "jaula". Só não gosto de injustiça, não pisa em mim sem razão, porque vai levar o troco. E eu sou muito franco e verdadeiro, não falo por trás e gosto que ajam da mesma forma comigo.
Técnico de futebol, em geral, tem altos e baixos na carreira. Como você convive com isto?
Z: Tive uma felicidade muito grande na minha carreira que foi começar por baixo, e se você analisar a minha vida, tive mais altos do que baixos. Por onde passei conquistei títulos, em vários clubes, passei sete anos e meio fora e tenho quase doze anos de seleção, e isto me dá muita segurança.
Que conselhos você daria aos atletas que pretendem chegar onde você chegou?
Z: Isto é muito pessoal. É uma coisa que vem de dentro de você, de gostar daquilo que está produzindo. Mas vai chegar a hora em que vou parar. Não tenho hora marcada e também não tenho nada premeditado na minha vida, como não foi premeditada aquela frase: "Vocês vão ter que me engolir". Foi um desabafo após o título.
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