Especialistas confirmam: a obesidade está relacionada diretamente com distúrbios do sono
Entenda como distúrbios do sono podem acarretar ou intensificar a obesidade
A obesidade tem sido vista pelos especialistas como uma condição médica de etiologia multifatorial. Hábitos alimentares, distúrbios hormonais e sedentarismo contam-se entre os fatores propostos como etiológicos. Desde a descrição de Charles Dickens em 1837, “The Posthumous Papers of the Pickwick Club of Joe”, mostrando a associação entre a obesidade e distúrbios respiratórios, conhecidos como Síndrome de Pickwick, muito se tem especulado sobre esta associação e sempre aparece uma questão de causa e efeito.
Trabalho recente de Guilleminault e colaboradores indica que o distúrbio respiratório tem sua fonte em acontecimentos da idade mais tenra dos indivíduos. Estes, por sua vez, desenvolvem sinais e sintomas progressivos durante a infância e adolescência que atingem uma manifestação clínica mais evidente na idade adulta.
De acordo com Guilleminault e colaboradores, afecções das vias aéreas superiores comuns na infância como rinites, inflamações de adenóides, dismorfismos craniofaciais genéticos ou adquiridos, iniciam modificações funcionais e estruturais do viscerocrânio que levam aos quadros clínicos de distúrbios respiratórios do adulto. Como consequência destas disfunções temos a respiração bucal, comumente observada em crianças e que persistem às vezes por toda a vida.
O respirador bucal padece de uma dificuldade de conciliar a respiração e a mastigação e deglutição, levando a uma queima de etapas da alimentação em virtude destas dificuldades, havendo como consequência uma aceleração da deglutição dos alimentos pouco mastigados o que traz uma sobrealimentação, pois os fatores orais da saciedade não conseguem atuar para inibir a ingesta. Por outro lado, a dificuldade respiratória superficializa o sono, inibindo a produção do hormônio do crescimento (GH) que tem importância na mobilização de tecido adiposo e muscular, sendo que a ausência do GH leva à obesidade. O cortisol por sua vez é inibido pelo sono profundo e é um elemento capaz de modificar o metabolismo.
Recentemente a descoberta da hipocretina ou orexina abriu novas perspectivas na associação entre sono e obesidade. Sabe-se que a orexina é produzida na porção lateral do hipotálamo e recebe e envia informações para um número muito grande de estruturas cerebrais relacionadas com a motricidade e com o metabolismo, tendo inclusive relação estreita com a latina e a grelem, fatores bem conhecidos na produção da obesidade. Sabe-se que indivíduos que produzem pouca orexina são mais obesos que os que produzem orexina normalmente. A narcolepsia é uma destas doenças com falta de orexina e seus portadores são mais obesos que indivíduos com o mesmo perfil de sonolência porém com orexina normal. É interessante colocar que a orexina é um estimulante da atividade motora o que acresce um fator na manutenção do peso.
O fato de os portadores de distúrbios respiratórios de sono apresentarem sonolência diurna e apatia, acarreta pela inatividade a possibilidade de acréscimo de peso. Há dados também sobre a insônia e a obesidade, além dos portadores de distúrbio alimentar do sono, onde indivíduos que mesmo fazendo dietas rigorosas durante o dia todo, não conseguem evitar uma compulsão alimentar noturna. Conhecimentos recentes sobre o distúrbio alimentar do sono e o uso de medicamentos hipnóticos completam uma extensa lista de fatores que associam os distúrbios do sono com a obesidade, sendo hoje um consenso que esta relação seja recíproca, pois também a obesidade leva a conhecidos distúrbios do sono.
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