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Mulheres têm mais dificuldade para se livrar das drogas do que os homens

Estudos feitos pelo OBID (Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas) e ABEAD (Associação Brasileira de Estudo do Álcool e outras Drogas) mostram diversos fatores que dificultam a luta contra a dependência química para as mulheres

Sabe-se que sexo feminino e masculino tem uma série de diferenças psíquicas e fisiológicas que afetam a maneira de viver de cada, uma delas é na hora de deixar as drogas. Um estudo feito pela ABEAD (Associação Brasileira de Estudo do Álcool e outras Drogas) revela que as mulheres têm maior dificuldade de vencer vícios do que os homens. Conforme especialistas, o tratamento é mais difícil para elas, por conta da condição física e até mesmo pela falta de locais de internação específicos.

 

Segundo o psiquiatra Sérgio Rocha, a principal característica atual é o aumento significativo do número de mulheres dependentes de múltiplas drogas, principalmente o álcool. Outra situação relevante é que as mulheres tendem a responder pior aos tratamentos. Isso ocorre porque, provavelmente, o apoio que recebem de seus parceiros é bem inferior do que o apoio que os pacientes masculinos recebem de suas esposas: “Ainda há um alto grau de preconceito com a mulher dependente e uma grande co-ocorrências de comorbidades com transtornos mentais, como o transtorno de personalidade borderline e o transtorno depressivo de humor, o que piora muito o prognóstico. O risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis também é muito grande entre mulheres” completou.

 

Outro dado clinicamente significativo é a diferença metabólica e hormonal feminina que expõe as mulheres mais intensamente ao risco de intoxicação e de criação de dependência. Outra situação é a gestação feminina, que tende a ser acompanhada de diversas alterações de humor e de dinâmica familiar, deixando-a exposta a recaídas de substâncias psicoativas e impedindo o uso de diversos fármacos que podem estar sendo prescritos para lidar com situações de manutenção de abstinência e que são potencialmente teratogênicos (capazes de promover má-formação fetal).

 

ONZE ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO TRATAMENTO PARA MULHERES:

 

1. Mulheres dependentes químicas sofrem intensos estigmas sociais, que decorre muitas vezes da noção incorreta de que elas são mais promíscuas e sexualmente disponíveis. Este estigma faz com que muitas tenham vergonha de admitir o problema de procurar o tratamento correto. Além disso, muitos profissionais de saúde também não se sentem à vontade em perguntar sobre o uso de álcool/drogas para mulheres, o que retarda o diagnóstico e o encaminhamento adequado.

 

2. As mulheres ainda enfrentam outras barreiras na busca por tratamento, tais como: não ter com quem deixar os filhos e medo de perder a guarda dos filhos se admitirem que tem um problema de álcool/drogas.

 

3. A alta prevalência de transtornos psiquiátricos em mulheres dependentes químicas exige cuidadosa avaliação psiquiátrica. O profissional deve determinar qual o problema ocorreu antes, porque um transtorno primário (mais frequentemente o caso entre mulheres) dificilmente melhorará somente com a abstinência e o uso de medicação específica pode ser necessário. Além disso, a avaliação apropriada das comorbidades psiquiátricas pode evitar a prescrição inadequada de calmantes (uma prática mais comum quando o cliente é mulher), prevenindo o desenvolvimento de futuros quadros de dependência.

 

4. Uma vez que tentativas de suicídio são especialmente comuns entre mulheres dependentes químicas, particular atenção deve ser dada a esse aspecto quando da avaliação inicial do paciente.

 

5. Mulheres dependentes químicas relatam com maior frequência comportamentos sexuais de risco e descuido no manuseio de seringas do que os homens. Assim, uma revisão completa do estado físico, com especial atenção para fatores de risco para o HIV é necessária.

 

6. Abuso de álcool/drogas pode funcionar como forma de controlar o peso para muitas mulheres. Além de investigar ativamente a existência de transtornos alimentares, o profissional deve aproveitar a oportunidade para discutir nutrição e exercícios físicos como forma mais saudável de manter o peso.

 

7. O uso de álcool/drogas entre mulheres sofre maior influência dos companheiros e da família do que os homens. Portanto é importante perguntar sobre problemas relacionados a álcool/drogas na família do paciente. Elas terão maior chance de recaída se o ambiente familiar/social problemático permanecer o mesmo.

 

8. É importante perguntar sobre o abuso sexual e/ou físico. Mulheres que estejam passando por esses problemas precisam primeiro encontrar um lugar seguro para morar ou o tratamento dificilmente será bem sucedido.

 

9. Outro passo importante é encorajar a participação da família no tratamento, uma vez que a família é mais profundamente afetada quando a mulher tem um problema de dependência química. Eventualmente, será necessária terapia familiar. Além disso, mães, particularmente mães solteiras, podem ter dificuldade em conciliar trabalho e cuidado com os filhos, o que representa um desafio em sua recuperação.

 

10. A gestação é um momento particularmente importante. Neste período, as mulheres encontram-se mais motivadas para o tratamento, cujos ganhos se mantêm mesmo quando a criança já nasceu.

 

11. Muitas mulheres acham mais fáceis falar sobre problemas sexuais e outros quando não há homens no grupo e o abandono ao tratamento parece ser menor em grupos só de mulheres propriamente ditas, baseadas no tipo de substância, faixa etária, educação, estado civil, dentre outros aspectos. O ideal seria oferecer os dois tipos de tratamento: grupo misto e grupo só de mulheres.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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